OLHARES: MORTE E METATEXTUALIDADE EM RUBEM FONSECA E CAIO FERNANDO ABREU/LOOKS: DEATH AND METATEXTUALITY IN RUBEM FONSECA AND CAIO FERNANDO ABREU
Resumo
Entre os gregos, o olhar recebeu um tratamento especial. Destaca-se, nesse trabalho, dois exemplos, o mito de Cupido e Psiquê e o de Narciso. Diferente do que ocorre com Psiquê, no mito de Narciso a visão torna-se efetivamente uma prisão e a efetivação da maldição recebida. O jovem humano que ousou recusar o amor divino acaba preso pelo amor que sente por sua própria imagem. Veremos, nesse artigo, a partir de uma abordagem comparativista, e tomando por base, especialmente, os pensamentos de Maurice Blanchot e Giorgio Agamben, como Rubem Fonseca e Caio Fernando Abreu trabalham essa temática, procurando ressaltar o viés meta-textual de Fonseca. No autor de Romance Negro, percebemos um processo auto-reflexivo que toma a visão artística como uma experiência do fora, segundo Blanchot, e trabalha esteticamente a violência de forma a constituir o espaço literário. Em um dos contos teremos, a exemplo de Psiquê, uma visão que ao levar às regiões da morte, liberta-se para uma vida outra, já no outro conto a visão será uma forma de ver-se pelos olhos do outro, percebendo-se limitado e prisioneiro em sua própria imagem.Downloads
Referências
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