A METÁFORA DO DUPLO EM: JACOBO EL MUTANTE, DE MARIO BELLATIN, UMA CRUZA, DE FRANZ KAFKA E O LIVRO DOS SERES IMAGINÁRIOS, DE JORGE LUIS BORGES/THE METAPHOR OF THE DOUBLE IN: JACOB THE MUTANT, BY MARIO BELLATIN, A CROSSBREED, BY FRANZ KAFKA AND THE BOOK OF
Resumo
O vocábulo ‘duplo’ é um adjetivo que remete a algo que possui uma realidade dupla, dois componentes, duas funções, dois sentidos, etc., Que é constituído de dois elementos, formado por duas ‘coisas’, iguais ou diferentes. Tendo por contrário à acepção ‘duplo’, aquilo que caracteriza-se por ser individual, homogêneo, impar, indiviso. O ‘duplo’ possui como característico a mescla, a fusão, a solda, entre outras. Neste trabalho, buscaremos demonstrar que em “Uma cruza”, de Franz Kafka, “O centauro” de Jorge Luís Borges e “Jacobo el mutante” de Mario Bellatin, não somente a temática, mas as categorias narrativas do narrador, personagem, espaço e a própria linguagem conformam uma metáfora do ‘duplo’. A metáfora, segundo Paul Ricouer em “Metáfora viva” (2000), é uma presença, um signo, um discurso, que recebe significados de algo que lhe é, em algum aspecto, semelhante. Por isso, segundo o teórico, ela possui uma força referencial já que aponta a algo que está subjacente. Defendemos no presente trabalho, que as citadas obras ficcionais possuam em comum um referente subjacente ao construírem uma metáfora do duplo: propor uma reflexão sobre a natureza humana. Natureza esta que antes de ser ‘una’, indivisa, homogênea, aproxima-se às reflexões de Friedrich Nietsche em “O nascimento da tragédia, ou helenismo e pessimismo” (1992), sobre o ser como alguém heterogêneo, mutável, constituído de duplicidades. O ‘eu’ multiplicado.
Palavras-chave: Análise comparativa; metáfora do duplo; Jorge Luís Borges; Franz Kafka; Mario Bellatin.
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