A MORNA COMO EXPRESSÃO IDENTITÁRIA CABO-VERDIANA

Autores

  • Geni Mendes de Brito Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Resumo

A música em Cabo Verde tem-se configurado como um importante veículo de apresentação e divulgação da cultura cabo-verdiana para o mundo. Juntamente com a língua materna- o crioulo, a música é um dos elementos mais presentes no quotidiano do ilhéu.  Ela é um fenômeno psicossocial e cultural que deriva espontaneamente dos sentimentos do povo. Neste artigo, daremos destaque para morna- modalidade musical mais conhecida e divulgada dentro e fora de Cabo Verde. Conforme o poeta Eugénio Tavares, a morna é a expressão mais “genuinamente crioula e nacional que ainda não perdeu sua função primária”, e que traz a expressão nativa que reafirma e plasma o cotidiano e a unidade de uma sociedade surgida da escravidão, afirmando uma identidade própria. No campo da literatura, os escritores tomam mão do discurso musical identitário para expressar o que denominam “caboverdianidade”.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Geni Mendes de Brito, Universidade Federal do Rio Grande do Norte

Professora de Literatura portuguesa, brasileira e literatura afro-brasileira e africana de língua portuguesa. Doutora em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN- Brasil.

Referências

ANJOS, José Carlos Gomes. Elites intelectuais e a Conformação da Identidade Nacional em Cabo Verde. Estudos afro-asiáticos. 25 (3): 580-606. 2003.

BRAZ DIAS, Juliana. Mornas e Coladeiras de Cabo Verde: versões musicais de uma nação, tese de doutoramento em Antropologia, Brasília, Universidade de Brasília, 2004.

CANIATO, Benilde Justo. Percursos pela África e por Macau. Cotia: Ateliê Editorial, 2005.

CARDOSO, Pedro Monteiro. Folclore Cabo-verdiano. Paris: Solidariedade Cabo-verdiana. (Reprodução integral da primeira edição, Porto Maranus) 1933.

CARLOS, Elter Manuel. Uma filosofia do amor na poesia de Eugénio Tavares. In: Filosofia, arte e literatura: uma abordagem sobre a formação poética, literária e estética do povo cabo-verdiano. DG Edições, Lisboa, 2015.

CRUZ, Francisco Xavier da. Uma partícula da lira cabo-verdiana: Mornas Crioulas inspiradas por saudades, sofrimentos e Amares. Praia, Minerva de Cabo Verde, 1933.

FERREIRA, Manuel. A aventura crioula. Crioula 3. Ed. Lisboa: Plátano, 1973

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 25. Ed: Rio de Janeiro: José Olympio, 1987.

GOMES, Simone Caputo. Cabo Verde: literatura em chão de cultura. São Paulo: Ateliê Editorial / Instituto da Biblioteca Nacional e do livro de Cabo Verde, 2008.

GONÇALVES, C. F. Kab Verd Band. Cabo Verde: Praia, Instituto do Arquivo Histórico Nacional, 2006.

JACINTO, Rui. Música e identidade cabo-verdiana: a propósito da Candidatura da Morna a Patrimônio Imaterial da Humanidade. Universidade de Coimbra. Diálogos (Trans.) fronteiriços- 2017.

LANG, George. Entwisted tongues: comparative Creole literatures. Amsterdam: Rodopi, 2000.

LIMA, Antônio Germano. A morna: síntese da espiritualidade do povo cabo-verdiano. Africana, nº esp. 6, pp. 239-267, 2001.

LIMA, Antônio Germano. Eugénio Tavares: contribuição para a investigação histórico-cultural da sociedade cabo-verdiana. Praia. Abril- 2007

MARTINS, Ovídio. Caminhada. Casa dos Estudantes do Império. Coleção de Autores Ultramarinos. Lisboa. 1963.

MARTINS, Vasco. A música tradicional cabo-verdiana I (a morna). Praia, Direcção-Geral do Património Cultural – ICLD, 1989.

MENDES, Eloisa Helena Varela. Caminho longe, de Terêncio Anahory – uma leitura crítica. Departamento de Ciências Sociais e Humana - Estudos cabo-verdianos e portugueses. Uni-CV. 2010.

MENDES, Luís Antônio de Oliveira. Memórias a respeito dos escravos e tráficos da escravatura entre a costa africana e o Brasil (1818). Revista Latino- americana de Psicopatologia Fundamental. No. 02- p. 362-376, v. 10. 2007.

MONTEIRO, Félix. Eugénio Tavares: Poesias, Contos, Teatros. (Organização e Introdução de Isabel Lobo). Praia: Instituto Cabo-Verdiano do Livro e do Disco, 1996.

NERY, Rui Vieira. Para uma História do Fado. Lisboa: INCM/ Sociedade Portuguesa de Autores, 2012.

NETO, Sergio. Insularidade, Idiossincrasias e Imaginação: Representações de Cabo Verde no Pensamento Colonial Português. In: TORGAL, Luís Reis et al (org.). Comunidades Imaginadas: Nação e Nacionalismo em África. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra, 2008, p. 181-192.

PEIXEIRA, Luís Manuel de Sousa. Da Mestiçagem à Cabo-verdianidade: Registos de uma sociocultura. Lisboa: Colibri, 2003.

REIS, José Alves dos. Subsídios para o Estudo da Morna. Raízes, n. 21, Praia, 1984.

RODRIGUES, Moacyr, LOBO, Isabel. A morna na literatura Tradicional fonte para o estudo histórico-literário e a sua repercussão na sociedade, Mindelo, ICLD- 1996.

RODRIGUES, Gabriel Moacyr. O papel da morna na afirmação da identidade nacional em Cabo Verde. Tese de Doutoramento em Ciências Musicais - Etno-musicologia. Faculdade de Ciências Sociais e Humanas- Universidade Nova de Lisboa. 2015

SILVA, Baltasar Lopes da. O dialecto crioulo de Cabo Verde. Lisboa: Imprensa Nacional, 1984.

SOBRINHO, Genivaldo Rodrigues. Eugénio Tavares: Retratos de Cabo Verde em Prosa e Poesia. 1ª. Edição. Janeiro de 2017.

TAVARES, Eugénio. Mornas: cantigas crioulas. Luanda: Liga dos Amigos de Cabo Verde, 1969.

Downloads

Publicado

2020-03-15

Como Citar

Brito, G. M. de. (2020). A MORNA COMO EXPRESSÃO IDENTITÁRIA CABO-VERDIANA. Revista Athena, 16(1). Recuperado de https://periodicos.unemat.br/index.php/athena/article/view/4342

Edição

Seção

ARTIGOS/ ENSAIOS