QUANDO AS CRIANÇAS NÃO SE RECONHECEM NAS HISTÓRIAS: LITERATURA E FANTOCHES PARA UMA EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL / WHEN CHILDREN ARE NOT RECOGNIZED IN THE STORIES: LITERATURE AND PUPPETS FOR ETHNIC-RACIAL EDUCATION

Autores

  • José Humberto Rodrigues dos Anjos Centro Universitário de Mineiros
  • Deise Katiuscia Xavier Kaisa Oliveira Centro Universitário de Mineiros
  • Brenda Inácio Arantes Centro Universitário de Mineiros

Resumo

O artigo em tela trata-se de um estudo bibliográfico desenvolvido a partir do projeto de pesquisa e extensão “Literatura infanto-juvenil como subsídio para implementação da Lei 10.639/2003”, financiado pelo Centro Universitário de Mineiros – Goiás. Tem como objetivo discutir a não representação de crianças negras nas histórias infantis, bem como analisar de que maneira tanto a literatura quanto os fantoches colaboram para uma educação étnico-racial que promova a noção de pertencimento e negritude. Perpendicular a isso, discute-se a importância atribuída ao texto literário como um dos meios para se atingir este objetivo, bem como a historicidade do teatro de bonecos e sua forma concreta de ensinar. Parte-se do pressuposto de que é a intervenção dos professores que neutraliza os sentimentos pejorativos investidos na criança negra por meio de uma cultura de silenciamento do negro e sua subjugação nos espaços de escravidão. Neste sentido geralmente as histórias trazem em seus enredos personagens vinculados a cenários de dor e escravidão, o que impossibilita o conhecimento de aspectos culturais, religiosos, dentre outros do povo negro. Este fator colabora para que as crianças negras sejam submetidas a um modelo eurocêntrico de educação, em que as leituras literárias não permitem uma representação étnico-racial, o que, por conseguinte, não as coloca como protagonistas destes espaços. Tais advertências dialogam com as alterações propostas pela Lei 10.639/2003, que institui o ensino de história e cultura Afro-Brasileira na rede oficial de ensino - ponto de partida para as discussões levantadas pelo artigo – e nos estudos de Amaral (2011), Cavalleiro (2000;2001;2003), Oliveira (2004), dentre outros. Os resultados apontam para a questão da pouca representação de crianças negras nos livros literários infantis, ao passo que sugerem um trabalho pedagógico de mobilização, que pode ser mediado tanto por fantoches quanto por livros que possibilitem a identificação e conhecimento da história e cultura do povo negro.

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Biografia do Autor

José Humberto Rodrigues dos Anjos, Centro Universitário de Mineiros

Doutor em educação pela Universidade de Uberaba. Mestre em Estudos da Linguagem pela Universidade Federal de Goiás. Docente adjunto do Centro Universitário de Mineiros, onde atua na disciplina de Educação étnico-racial e nos projetos de Pesquisa e Extensão que investigam a Lei 10.639/2003.

Deise Katiuscia Xavier Kaisa Oliveira, Centro Universitário de Mineiros

Graduada em Letras pela Universidade Federal de Mato Grosso. Assistente técnico-administrativo do Centro Universitário de Mineiros. Integrante do projeto de pesquisa Literatura infanto-juvenil como subsídio para implementação da Lei 10.639/2003.  

Brenda Inácio Arantes, Centro Universitário de Mineiros

Graduanda em Direito pelo Centro Universitário de Mineiros. Integrante do projeto de pesquisa Literatura infanto-juvenil como subsídio para implementação da Lei 10.639/2003.

Referências

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Publicado

2021-03-04

Como Citar

Anjos, J. H. R. dos, Oliveira, D. K. X. K., & Arantes, B. I. (2021). QUANDO AS CRIANÇAS NÃO SE RECONHECEM NAS HISTÓRIAS: LITERATURA E FANTOCHES PARA UMA EDUCAÇÃO ÉTNICO-RACIAL / WHEN CHILDREN ARE NOT RECOGNIZED IN THE STORIES: LITERATURE AND PUPPETS FOR ETHNIC-RACIAL EDUCATION. Revista Athena, 18(1). Recuperado de https://periodicos.unemat.br/index.php/athena/article/view/4668

Edição

Seção

ARTIGOS/ ENSAIOS