ISCURSO DA SÁTIRA NO ROMANCE ANGOLANO CONTEMPORÂNEO: UM ITINERÁRIO DA CONTRAMÃO ECOSÓFICA ***
Resumo
Este texto propõe a leitura de dois romances: O reino das casuarinas (2014) e A acácia e os pássaros (2016), obras de José Luís Mendonça e Manuel Rui, respectivamente. As duas narrativas produzidas em pleno século XXI, do histórico-político angolano, encenam os questionamentos pela não consumação do projecto de sociedade, a hastear a bandeira da igualdade, das liberdades e do bem-estar colectivo, problematizando, desse modo, o abandono dos ideais e das expectativas da Independência Nacional angolana. Por conseguinte, através de uma leitura ancorada no comparativismo literário, procuramos analisar o fio dialógico entre os dois romances. Assim, esperamos demonstrar como a ficcionalização do sociopolítico angolano evidencia um socius enfermo e fissurado, deflagrado num discurso satírico (HUTCHEON, 2000; 1985); (HANSEN, 1990), cuja proposta desemboca nas três ecologias de Félix Guattari (2001), fluxos para uma nova relação ético-política, no universo angolano, enquanto desiderato sine qua non para a efectivação do projecto de Nação. Por fim, convocamos para o diálogo Peter Sloterdijk (2000).
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Referências
BARROS, Diana Luz Pessoa de. Dialogismo, polifonia e enunciação. In: Dialogismo, polifonia, intertextualidade. São Paulo: Edusp, 2011.
BRAIT, Beth (org.). Bakhtin, Outros conceitos-chave. São Paulo: Contexto, 2014.
FANON, Frantz. Os condenados da terra. Juiz de Fora-MG: Editora UFJF, 2006.
GUATTARI, Félix. As três ecologias. São Paulo: Papirus editora, 2005.
HANSEN, João Alberto. Permanência Clássica. Visões contemporâneas da Antiguidade greco-romana. São Paulo: Escrituras, 2011.
HOWE, Irving. A política e o romance. São Paulo: Perspectiva, 1998.
HUTCHEON, Linda. Uma teoria da paródia. Rio de Janeiro: edições 70,1985.
____. Teoria e poética da ironia. BH: UFMG,2000.
MENDONÇA, José Luís. O reino das casuarinas. Luanda: Mayamba, 2014.
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SLOTERDIJK, Peter. Regras para o parque humano. Uma resposta à carta de Heiddger sobre o humanismo. São Paulo: Liberdade, 1947.