O Alencar do Jornal: Memória Poética da Língua
Palavras-chave:
Análise de discurso, língua, heterogeneidade enunciativa, alteridade e falha.Resumo
Os sons, as palavras, as imagens, [...] que nos cerceiam apresentam uma impressão de transparência/ literalidade em seus sentidos, como dados a priori. No entanto, o procedimento de interpretação que nutrimos em relação aos sentidos é o da multiplicidade, da largueza, da possibilidade de emaranhamento, cujo efeito de perda/ganha se dá no mesmo espaço, pela opacidade da língua/sujeito/história. Assim, a pesquisa que segue é resultado do interesse de compreender o funcionamento da multiplicidade dos sentidos que se estabeleceu na tessitura da escrita jornalística do século XIV no estado de Mato Grosso, em face da produção poética de José de Alencar. Para trilhar esse percurso de leitura, filiamo-nos à teoria da Análise de Discurso (Pêcheux, 1988; Orlandi, 1999), perguntando pelos modos a partir dos quais a escrita jornalística materializa e produz sentidos para o sujeito e para própria língua. A língua jornalística, enquanto espaço de espelhamento da relação língua/sujeito/mundo, inscreve discursivamente o articulista/poético no modo como joga com o já-lá dos sentidos. Desse modo, para melhor traçar o percurso analítico, empreenderemos um estudo dessa relação a partir de Orlandi (2001; 1990), Pêcheux (1998), Payer (2006), Mariani (2008) e Authier-Revuz (1998) para problematizar como que se constitui o espaço de repetição, em que um dizer silencia outros dizeres da memória sócio-histórica constitutivas do sujeito. Dessa maneira, os sentidos serão tomados como gestos de leitura que definem a posição mato-grossense em relação à configuração do sujeito nacional e da própria língua em movimento, no jogo do fio discursivo da imprensa em Cuiabá.
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