TRANSMITIR O QUE A HISTÓRIA NÃO RECORDA: O TESTEMUNHO DO DESERTOR EM AZUL CORVO
DOI:
https://doi.org/10.30681/real.v17i01.11823Palavras-chave:
Deserção. Testemunho. Silêncio. Romance brasileiro contemporâneo.Resumo
O entrelaçamento de memórias é uma das linhas de força do romance Azul corvo (2010), de Adriana Lisboa. A narrativa se concentra na memória de Fernando, ex-guerrilheiro e desertor da Guerrilha do Araguaia, transmitida para a narradora Evangelina na expectativa de reconstruir a experiência de um trauma. Com a retomada de seu testemunho, este artigo objetiva discutir como a transmissão memorial de um acontecimento traumático pode estar atravessada pela necessidade do silêncio e do testemunho. Este estudo terá como aporte teórico-crítico central as considerações de Pollak (1989), Gagnebin (2009), Candau (2011), Ginzburg (2012) e Marques (2020).
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