ADIVINHAÇÃO NA ROMA ANTIGA
UMA LEITURA DO LIVRO DOS PRODÍGIOS DE JÚLIO OBSEQUENTE
DOI:
https://doi.org/10.30681/real.v17i01.6281Palavras-chave:
Religião Romana, Adivinhação, Prodígio, AruspicinaResumo
A prática adivinhatória cumpre um papel social e religioso importante na Roma antiga. Dentro dessa ampla prática, há a diferenciação feita por Cícero, em De Diuinatione [“Sobre a adivinhação” I, 6, 11-12], em duas espécies: as artificiais, que requerem conhecer a fundo uma técnica, como a aruspicina; e as naturais, que dependem apenas das disposições dos intérpretes, como sonhos. Encontramos exemplos de ambas em Liber prodigiorum [Livro dos prodígios], de Iulius Obsequens – século IV d.C. –, e alguns trechos dessa obra pouco conhecida serão comentados a fim de ilustrar tal sistema adivinhatório. Um prodígio é um evento extraordinário e para os romanos prenunciava um desequilíbrio entre o divino e o humano. Uma das técnicas de leitura dos prodígios era a aruspicina, de origem etrusca, que, cruzando fronteiras geográficas, religiosas e linguísticas, cresceu em Roma e influenciou os caminhos de sua história. A técnica consistia na análise das entranhas [exta], da vítima sacrificial. A influência dos responsáveis por práticas adivinhatórias como a aruspicina se fazia notar na tomada das decisões de diversos grupos em vários âmbitos da vida romana, informando-nos sobre o funcionamento dessa sociedade.
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