O ENSINO DE LÍNGUA GUARANI E PORTUGUESA EM COMUNIDADES INDÍGENAS NO PARANÁ
DOI:
https://doi.org/10.30681/relva.v8i1.5721Resumo
O presente trabalho, tece algumas considerações sobre o ensino/aprendizagem das línguas guarani e portuguesa nas escolas das aldeias; Lebre e Pinhal da Terra indígena Rios das Cobras, no município de Nova Laranjeiras e na terra indígena Ywy Porã do município de Abatiá do Paraná. Os desafios em ensinar/aprender as línguas envolvidas nesse processo não são fáceis. Resultados satisfatórios só surgirão a médio e longo prazo se, por um lado, tivermos a língua materna a língua guarani; por outro, temos a língua portuguesa, padrão, obrigatória e de prestígio. Em geral, há alguns fatores que se observam nas comunidades Guaranis: a) que têm como primeira língua a portuguesa; e aquela b) que mantêm viva a oralidade de suas línguas maternas. Percebe-se que, à medida que se prioriza uma língua em detrimento de outra, os resultados são insatisfatórios tanto para o aprendiz quanto para o docente, ambos envolvidos no letramento dessas comunidades. As nossas reflexões dialogam com Gumperz (1982), Grojean(1982), Calvet (2001;2011), Maher (2007), Lima (2004), Moita Lopez (2003) entre outros. A utilização de uma única língua, a portuguesa dentro da escola, por exemplo, não garante o desenvolvimento ou revitalização da língua materna guarani, essa prática traz consequências negativas para esses povos. São as políticas linguísticas adotadas em cada aldeia que possibilitarão a revitalização das línguas envolvidas. Por isso, é importante compreender as particularidades de cada comunidade para poder contribuir com o desenvolvimento de atividades que possam valorizar as línguas maternas, possibilitando, também, um desempenho linguístico satisfatório da segunda língua, a portuguesa.
Palavras-chave: Ensino; Língua guarani; Segunda Língua; Comunidades Indígenas.
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