DUNGA RODRIGUES: AMÉLIA QUE ERA MULHER DE VERDADE
DOI:
https://doi.org/10.30681/alere.v29i2.13487Palavras-chave:
Literatura, Dunga Rodrigues, Historiografia, Conto, DiálogosResumo
O texto apresenta um sucinto esboço da figura feminina na produção historiográfica e literária de Maria Benedita Deschamps Rodrigues (1908-2002), popularmente conhecida como Dunga Rodrigues e que pode ser considerada uma das mulheres pioneiras na difusão da cultura no estado de Mato Grosso. A ativa participação da autora na sociedade cuiabana pode ser verificada por meio da localização, levantamento e estudo das suas produções, muitas delas esquecidas nos arquivos públicos da capital do estado. São obras que ressignificam os diversos aspectos da vida sociocultural e política no cenário literário e histórico da região Centro-Oeste. Porém, nesta abordagem, focalizaremos na luta pela emancipação da mulher em diversos setores da sociedade apresentados pela autora, que não a própria casa. Dunga destaca a ruptura com o ideário e os paradigmas patriarcais ao apresentar os primeiros passos da mulher, especialmente da cuiabana, não deixando, porém, de ironizar sua situação subalterna mesmo no século XX, por meio do conto Descoberta do século (2000), que exibe a Amélia motorizada, a condição da mulher frente ao progresso que alterou seus modos de vida e fortaleceu sua condição subalterna e submissa, com contribuição dos novos aparatos tecnológicos. Embora Dunga Rodrigues não apresente questões estritamente voltadas à figura feminina, podemos afirmar que há inclinação para descrever o apogeu deste protagonismo e/ou a denúncia do lugar ocupado pelas mulheres na sociedade da época.