OS SENTIDOS DE ERRÂNCIA EM SINHÁ VITÓRIA E MARIA DA FÉ, PERSONAGENS DE GRACILIANO RAMOS E JOÃO UBALBO RIBEIRO/THE STRAYING AWAY SENSES IN SINHÁ VITÓRIA AND MARIA DA FÉ, CHARACTERS IN GRACILIANO RAMOS AND JOÃO UBALDO RIBEIRO
Resumo
A obra literária, seja prosa ou poesia, é um produto de arte que possibilita ao leitor estabelecer relações tanto entre obras do mesmo gênero quanto de outro. É bastante comum, principalmente nos estudos da Literatura Comparada, a observância de tais conexões entre muitos textos, seja pelo viés da semelhança ou da dissidência. A leitura literária depende muito do que pode estar veiculado a ela no momento da experimentação com o estético e com a (re)construção dos lugares vários de interpretação, de inferência. Se cada leitura pressupõe um ponto de vista, logo, nova interpretação sobre um objeto; sendo a subjetividade capaz de definir diferentes modos de expressar opiniões. O propósito é desenvolver uma leitura crítica capaz de apresentar possibilidades de interpretação, admitindo assim, novas etapas de significação em relação às duas narrativas escolhidas. Nessa perspectiva, o objetivo é pensar no diálogo que há entre as materialidades de dois grandes clássicos da Literatura brasileira: Vidas Secas (1938), de Graciliano Ramos e Viva o povo brasileiro (1984), de João Ubaldo Ribeiro. No entanto, é pertinente dizer que diante das duas materialidades, a intenção é estabelecer relações, mais propriamente sobre a construção literária das personagens Sinhá Vitória (em Vidas Secas) e Maria da Fé (em Viva o povo brasileiro) observando, sobretudo, como se materializa o sentido de errância nessas personagens, mulheres que vivem suas experiências de mundo, se deslocando por espaços do sertão nordestino.
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