NEGRITUDE EM LUCIENE CARVALHO: DO CORPO DA CIDADE AO CORPO DO SUJEITO/NEGRITUDE IN LUCIENE CARVALHO: FROM THE CITY'S BODY TO THE BODY OF THE SUBJECT
Resumo
A poesia de Luciene Carvalho emana uma energia vital que reconstrói o corpo negro a partir das tensões externas e internas. A poetisa retira, das experiências da existência desse corpo, matéria-prima para moldar seu universo poético. Em sua poesia encontramos imagens físicas que remetem ao corpo negro, a exemplo do cabelo crespo, mas também símbolos da resistência negra, a exemplo de Castro Alves, poeta dos escravos, e São Benedito, santo negro. Ao pautar tanto o corpo negro do sujeito poético quanto os corpos de outros negros que fizeram parte da história da luta contra o racismo, a poetisa constrói um universo que resgata uma identidade que foi histórica e sistematicamente negada pelos brancos. Nesse texto analiso alguns poemas de Luciene relacionando-os às questões referentes à corporalidade e negritude. Para tanto, utilizo-me fundamentalmente das formulações teóricas de Cuti (2010), sobre a literatura negro-brasileira, e das discussões sobre negritude propostas por Achille Mbembe (2014).
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Referências
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