Literatura marginal brasileira e Eloísa Cartonera: um acontecimento entre Brasil e Argentina
DOI:
https://doi.org/10.30681/moinhos.v0i9.4427Resumo
Pensando nos diálogos literários existentes na América Latina, nos focaremos em um circuito percorrido pelo escritor, ativista político e agitador cultural Néstor Perlonguer que, a partir de nossa interpretação, teria sido o catalizador da relação entre uma vertente da literatura brasileira, conhecida como Literatura Marginal e desenvolvida sobretudo nos anos setenta, com a literatura argentina do início dos anos 2000. No que tange às expressões e projetos literários da Argentina do início do século XXI, nos deteremos no caso Eloísa Cartonera, porque entendemos que este funcione como uma espécie de ponto alto do espírito de uma época, sendo a única proposta que permanece em pleno funcionamento na atualidade. A partir desta relação entre dois modos de simbolizar o processo de escrita e de circulação do escrito literário catapultada por um trânsito impingido por determinada ditadura militar, nesta reflexão nos propomos a mapear os modos a partir dos quais as literaturas brasileira e argentina se imbricam em um acontecimento que desemboca na produção de um devir - tal como proposto por Deleuze e Guattari (2012). Em trabalho anterior (KRAUSS, 2015) já havíamos sinalizado que Eloísa Cartonera se constitui um acontecimento que rompe com uma série do que significa publicar livros na América Latina, para instaurar outra. Na esteira desta interpretação, trataremos de entender tal projeto como o resultado de um processo de movência que, ao se colocar como plataforma do que Palmeiro (2010) denomina “língua das loucas”, acaba por oferecer suporte a uma literatura menor, também nos moldes colocados por Deleuze e Guattari (2014).
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