ATITUDES DE PRECONCEITO LINGUÍSTICO RELACIONADAS AO ROTACISMO:
AQUI NÃO É O LUGAR DE MARIA
DOI:
https://doi.org/10.30681/real.v16.10988Palavras-chave:
Rotacismo, Preconceito Linguístico, Escola, Livros DidáticosResumo
O rotacismo é um fenômeno linguístico estigmatizado e alvo de preconceito linguístico em vários lugares, como nos espaços educacionais. Nessa direção, este artigo investigou se o rotacismo manifestado na fala de Maria, funcionária de uma escola, afetou a sua comunicação com outras pessoas. De modo secundário, investigamos, também, em que medida a pluralidade linguística foi contemplada nos livros didáticos de Língua Portuguesa e no Projeto Político Pedagógico dessa instituição. Para tanto, nos amparamos em teóricos da Sociolinguística Variacionista, como Labov (1972), Bagno (2007), entre outros. Realizamos um estudo dedutivo-bibliográfico de base exploratória, que se valeu dos pressupostos do “professor-pesquisador” sugerido por Bortoni-Ricardo (2008). Os dados apontaram que o rotacismo não afetou a compreensão entre Maria e seus interlocutores. Entretanto, ela sofreu preconceito linguístico pelo modo como falava. Os dados ainda permitiram afirmar que tais atitudes estão relacionadas à falta de discussão sobre a pluralidade linguística no PPP da escola e no livro didático. Por fim, verificou-se que o preconceito sobre a sua maneira de falar tem origem em uma quebra de expectativas, pois, para os preconceituosos, Maria enquanto trabalhadora de uma escola, não poderia utilizar uma variação linguística marginalizada.
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