O OBJETO DIRETO ANAFÓRICO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO: COMPARAÇÃO ENTRE DADOS DE AQUISIÇÃO E DE APRENDIZAGEM
DOI:
https://doi.org/10.30681/real.v11i01.2552Resumo
As mudanças ocorridas no paradigma pronominal do Português Brasileiro (PB) levaram, entre outras coisas, à extinção do clítico acusativo de terceira pessoa. Diante disso, o presente trabalho objetiva empreender uma análise de dados de aquisição e aprendizagem de língua materna, tendo como foco as possibilidades de preenchimento da posição de objeto direto anafórico. Os dados de aquisição são de Casagrande (2007, 2010) e mostram que as crianças brasileiras não adquirem mais o clítico. Dessa forma, investigamos, então, se o processo de escolarização dá conta de inserir, na gramática do aluno, uma forma linguística que não está mais presente no seu input. Para isso, analisamos dados orais, de produção espontânea, de 55 alunos, de primeiro ao nono ano do Ensino Fundamental, de duas escolas da rede pública de ensino, do sudoeste do Paraná. O resultado das análises apontam que os estudantes continuam sem empregar o clítico, mesmo após nove anos de escolarização. O que se pode verificar, então, é que algo que não faz parte do input da criança em aquisição se torna de difícil aprendizagem. Isso implica em um olhar mais cuidadoso do professor ao lidar com estes fenômenos linguísticos em sala de aula, no sentido de ser sensível a esse cenário.
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