LETRAMENTO(S) NA CONTEMPORANEIDADE: DESENVOLVENDO HABILIDADES DE LEITURA CRÍTICA PARA A INCLUSÃO DIGITAL
Resumo
Este artigo discute o conceito de letramento, associando-o ao letramento crítico (FREIRE, 1979, 1980, 1987, 2011, 2014). Nosso principal pressuposto é que simplesmente aprender a ler e escrever não resulta necessariamente na aquisição de conhecimentos e/ou estratégias para participar da sociedade de forma crítica. Portanto, o letramento é o resultado de estar imerso nas práticas da língua(gem) (SOARES, 1998), centrada, mas não restritas ao código escrito, isto é, outros modos semióticos, como a fala e (outras) formas multimodais de expressão (KRESS, 2003; 2010) devem ser considerados. Assim, ser letrado significa usar a língua(gem) efetivamente para entender e transformar a realidade, o que implica uma visão de língua(gem) como processo/produto sócio-histórico (BAKHTIN/VOLOSHINOV, 2006). A noção de letramento preconizada neste artigo também dialoga com os letramentos digitais (DUDENEY; HOCKLY; PEGRUM, 2014), dada a predominância das tecnologias digitais na comunicação contemporânea. Nosso objetivo final com este artigo é oferecer aos professores um plano didático para desenvolver a leitura crítica e promover a inclusão digital. Dessa forma, o plano ancora-se em uma visão da leitura engajada, com foco em aprender a ler e ler para aprender (ALEXANDER, FOX, 2013).
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