O AUTOR MORREU EM "O MAL DE MONTANO"
Resumo
na segunda metade do século XX, ascendeu na Literatura a querela teórica a respeito da morte do autor. Com base em Barthes, víamos declarada a autonomia da escrita, que, segundo ele, não demandava que uma voz autoral fosse reconhecida nela; já para Foucault, a morte do autor deixava uma lacuna, que ele, então, preencheu trazendo o elemento da função autoral. Entretanto, Nietzsche já instigava, no século XIX, um abalo nas certezas sobre a figura autoral, através do questionamento da noção de verdade, e postulando a morte de Deus, fato que estimula a pensar na morte dos seres criadores das coisas, dentre eles, o autor. Nessa perspectiva, analisarei o romance O mal de Montano de Enrique Vila-Matas, escritor conhecido justamente por jogar com a autoria, mobilizando realidade e ficção. A hipótese é de que a narrativa passa pela noção de morte do autor, mas isso não basta para a sua análise, sendo preciso que nos fiemos ao critério da função autoral e ao jogo do verdadeiro/não verdadeiro.Downloads
Referências
BARTHES, Roland. A morte do autor, São Paulo, 1967. Disponível em: <<https://filosoficabiblioteca.files.wordpress.com/2013/10/barthes-a-morte-do-autor-2.pdf>>. Acesso em: 14 mai 2019.
BARTHES, Roland. O prazer do texto. Tradução de J. Guinsburg. Editora Perspectiva: São Paulo, 1987.
FOUCAULT, Michel. O que é um autor. 3.ed. [S.l]: Passagens, 1992.
FOUCAULT, Michel. O Pensamento do Exterior. In: FOUCAULT, Michel. Ditos e escritos. Vol. III. Rio de Janeiro: Forense, 2006, p. 222.
LEJEUNE, Philippe. O pacto autobiográfico: de Rousseau à internet. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008.
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NIETZSCHE, Friedrich. Sobre a verdade e a mentira no sentido extra-moral. In:NIETZSCHE, F. Obras incompletas Tradução de Rubens Rodrigues Torres Filho. Editora 34: São Paulo, 2014. p. 61-70.
VILA-MATAS, Enrique. O mal de Montano. Tradução de Celso Mauro Paciornik. São Paulo: Cosac Naify, 2005.
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