Processo autoavaliativo do desenvolvimento docente em escolas médicas brasileiras: espelhos e reflexos nas percepções dos atores institucionais
Resumo
O desenvolvimento docente em escolas médicas tem se tornado um dos focos para consolidação e reelaboração dos cursos de medicina para atender as Diretrizes Curriculares Nacionais vigentes. Acredita-se que o docente é o protagonista para que as mudanças curriculares possam acontecer. O objetivo desta pesquisa foi analisar a percepção de docentes, estudantes e técnicos administrativos sobre o desenvolvimento docente em escolas médicas brasileiras a partir de um processo autoavaliativo. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de abordagem qualitativa. Os dados foram obtidos de uma avaliação nacional sobre as tendências de mudanças das escolas médicas realizada no ano de 2013 pela Comissão de Avaliação das Escolas da Àrea da Saúde da Associação Brasileira de Educação Médica. Foram avaliados quarenta e um cursos de medicina, utilizando o instrumento de avaliação de escolas médicas “Método da Roda”, o qual possui cinco eixos temáticos e vetores correspondentes. Este artigo apresenta os resultados da análise do Eixo “Desenvolvimento docente”, e seus quatro vetores: (1) formação didático-pedagógica, (2) atualização técnico-científica, (3) participação nos serviços de assistência e (4) capacidade gerencial. Da análise do conteúdo emergiram as categorias. Os resultados evidenciaram en todas as categorias que os processos formativos reconhecidos e institucionalizados ainda são escassos. As escolas médicas apresentam limitações para reconhecer a importância da institucionalização de programas de formação docente. Há discreta integração da escola e participação docente no sistema de saúde local, porém descontextualizada de sua importância política e social. A maioria das escolas médicas não promove a capacitação gerencial para docentes, embora reconheça sua importância. O processo de autoavaliação teve caráter participativo e colaborativo proporcionando um momento em que os envolvidos pudessem visualizar e analisar os reflexos de suas ações.
Downloads
Referências
Bollela VR, Castro M. Avaliação de programas educacionais nas profissões da saúde: conceitos básicos. Rev. Medicina de Ribeirão Preto e do Hospital das Clínicas da FMRP, v. 47, n. 3, p. 332-42, 2014.
Moreira LM, Pereira DM. Proposta de um modelo de avaliação da docência no ensino superior. Rev. Iberoamericana de Evaluación Educativa, v. 5, n. 1, 2012.
Comissão Interinstitucional Nacional de Avaliação do Ensino Médico (CINAEM). Avaliação das escolas médicas do Brasil: segunda fase: primeiro módulo. CINAEM, 1994.
Abdala IG, Stella RCR, Perim GL, Aguilar SR, Lampert JB, Costa NMSC, Projeto pedagógico e as mudanças na educação médica. Rev. bras. educ. méd, v. 33, n. 1, Supl. 1, p. 44-52, 2009.
Gallo E. Dispositivos inovadores para as escolas médicas. In: CINAEM. Preparando a transformação da educação médica brasileira: Projeto CINAEM III fase relatório 1999- 2000. Pelotas: UFPel, 2000.
Lampert JB, Costa NMSC, Alves R. Ensino na saúde: modelo de avaliação CAES/ABEM na construção de mudanças: método da roda. Goiânia: UFG; 2016.
De Almeida MJ, Campos JJB, Turini B, Nicoletto SCS, Pereira LA, Rezende LR, Mello PL. Implantação das diretrizes curriculares nacionais na graduação em medicina no Paraná. Rev. Bra. Educ. Méd. 2007;31(2):156-165.
Costa NMSC. Docência no ensino médico: por que é tão difícil mudar? Rev. bras. educ. med. 2007;31(1):21-30.
Costa NMSC. Formação pedagógica de professores de nutrição: uma omissão consentida? Rev. Nutr. 2009;22(1):97-104.
Garcia MAA, Silva ALB. Um perfil do docente de medicina e sua participação na reestruturação curricular. Rev. bras. educ. med. 2011;35(1):58-68.
Vieira JE, Tamousauskas MRG. Avaliação das resistências de docentes a propostas de renovações em currículos de graduação em medicina. Rev. bras. educ. méd. 2013;37(1):32-38.
Alves, C.R.L.; Belisário, S.A.; Lemos, J.M.C.; Abreu, D.M.X.; D’Ávila, L.S.; Goulart, L.H.F. (2013). Mudanças Curriculares: Principais Dificuldades na Implementação do PROMED. Rev. bras. educ. méd. [online], v. 37, n. 2, p.157-166.
Morosini MC, Fernandes CMB, Leite D, Franco MEDP, Cunha MI, Isaia SMA. A qualidade da educação superior e o complexo exercício de propor indicadores. Rev Bras Educ 2016 jan-mar. 21(64) [capturado 27 mar. 2016]; 13-37. Disponível em http://dx.doi.org/10.1590/S1413-24782016216402
Lampert JB, Bicudo AM. (Orgs.). 10 anos das Diretrizes Curriculares Nacionais dos cursos de graduação em Medicina. Rio de Janeiro: Associação Brasileira de Educação Médica, 2014.
Bardin L. Análise de conteúdo. 6 ed. São Paulo: Edições 70, 2011.
Masetto MT, Gaeta C. Docência com profissionalidade no ensino superior. Brazilian Geographical Journal: Geosciences and Humanities research medium. Jul-dez. 2013;4(1): 299-310.
Perim GL, Abdalla IG, Aguilar-Da-Silva RH, Lampert JB, Stella RCR, Costa NMSC. Desenvolvimento docente e a formação de médicos. Rev Bras Educ Méd [on line] 2009; 33(1/1):70-82.
Batista NA. Desenvolvimento docente na área da saúde: uma análise. Trab. educ. saúde 2005;3(2):283-294. DOI http://dx.doi.org/10.1590/S1981-77462005000200003
Lampert JB, Aguilar da Silva RH, Perim GL, Abdala IG, Stella RCR, Costa NMSC. Projeto de Avaliação Tendências de Mudanças no Curso de Graduação nas Escolas Médicas Brasileiras. Rev. Bras. Educ. Méd. 2009; 33 (1): 5-18.
Camara AMCS, Grosseman S, Pinho DLM. Educação interprofissional no Programa PET-Saúde: a percepção de tutores. Interface (Botucatu). 2015; 19 (1): 817-829. http://dx.doi.org/10.1590/1807-57622014.0940
Morán, J. Mudando a educação com metodologias ativas. In: Souza, CA, Morales OET (organizadores). Coleção Mídias Contemporâneas. Convergências Midiáticas, Educação e Cidadania: aproximações jovens. 2015: 02, 15-33.
Cyrino E, Toralles-Pereira ML. Trabalhando com estratégias de ensino aprendizado por descoberta na área da saúde: a problematização e a aprendizagem baseada em problemas. Cadernos Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2004 mai-jun: 20(3), 780-788.
Marin MJS, Oliveira MAC, Otani MAP, Cardoso CP, Moravcik MYAD, Conterno LO, Luzmarina AD, Nunes CRR, Siqueira JR AC. A integração ensino-serviço na formação de enfermeiros e médicos: a experiência da FAMEMA. Rev. Ciência & Saúde Coletiva, 2014: 19(3): 967- 974.
Paim J, Travassos C, Almeida C, Bahia L, Macinko J. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. Série Saúde no Brasil. Rev. The Lancet; 2011: 1, 11-31.
Woollard RF. Caring for a common future: medical schools' social accountability. Med Educ., 2006 Apr: 40(4), 301-313.
Contreras J. A Autonomia de Professores. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
Guizardi FL, Pinheiro R. Participação política e cotidiano da gestão em saúde: um ensaio sobre a potencialidade formativa das relações institucionais. Rev. Physis, 2012 Jun: 22(2), 423-440.
Botti SHO, Rego S. Preceptor, supervisor, tutor e mentor: quais são seus papéis? Rev. Bras. Educ. Méd. 2008; 32(3): 363-73.
Rocha HC, Ribeiro VB. Curso de formação pedagógica para preceptores do internato médico. Rev. Bras. Educ. Méd., 2012: 36(3), 343-50.
Albuquerque VS, Gomes AP, Rezende CHA, Sampaio MX, Dias OV, Lugarinho RM. A Integração Ensino-serviço no Contexto dos Processos de Mudança na Formação Superior dos Profissionais da Saúde. Rev. Bras. Educ. Med., 2008: 32(3), 356-362.
Azevedo BMS, Ferigato S, Souza TP, Carvalho, Resende S. A formação médica em debate: perspectivas a partir do encontro entre instituição de ensino e rede pública de saúde. Interface (Botucatu). 2013; 17(44): 187-99.
Maximiano ACA. Recursos humanos: estratégia e gestão de pessoas na sociedade global. 1º Ed. Rio de Janeiro: LTC. 2014.
Paiva YMS, Sponchiado DAM. A docência universitária: um fenômeno complexo. Perspectiva, Erechim. 2011. v.35, n.132, p.171-181.
Steinert Y. Perspectives on faculty development: Aiming for 6/6 by 2020. Perspectives on Medical Education 2012; 1(1):31-42.
Veiga IPA. Alternativas pedagógicas para a formação do professor da educação superior. In: Veiga, I.P.A., Viana, C.M.Q.Q. Docentes para a educação superior: processos formativos. Campinas, SP: Papirus. 2010.
Lacerda CR. Saberes necessários à prática docente no ensino superior: olhares dos professores dos cursos de bacharelado. Rev. Docência Ens. Sup., v. 5, n. 2, p. 79-100. 2015.
Costa, E.A.S., Lima, M.S.L, Leite, M.C.S.R. (2015). A construção da profissionalidade do gestor escolar: concepções e práticas. RBPAE - v. 31, n. 1, p. 65 - 84.
Almeida MTC, Maia FA, Batista NA. Gestão nas escolas médicas e sustentabilidade dos programas de desenvolvimento docente. Avaliação, Campinas; Sorocaba, SP, v. 18, n. 2, p. 299-310. 2013.
Tardif M. Saberes docentes e formação profissional. 12. Ed.- Petrópolis, RJ: Vozes. 2011.