Processo autoavaliativo do desenvolvimento docente em escolas médicas brasileiras: espelhos e reflexos nas percepções dos atores institucionais

Autores

  • Fabiana Aparecida Silva Universidade do Estado de Mato Grosso
  • Nilce Maria da Silva Campos Costa
  • Jadete Barbosa Lampert
  • Rosana Alves Doutora em Clínica Médica pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (2004) e Pós-doutorado Pró-ensino em Saúde pela Universidade Estadual de Campinas (2015). Atualmente é presidente do departamento científico de bioética da Sociedade Brasileira de Pediatria, membro da Comissão de Ensino Médico do Conselho Federal de Medicina, avaliadora institucional e de curso de medicina do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), Membro da Comissão assessora do Revalida; médica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e docente de Pediatria da Universidade Federal do Espírito Santo.

Resumo

O desenvolvimento docente em escolas médicas tem se tornado um dos focos para consolidação e reelaboração dos cursos de medicina para atender as Diretrizes Curriculares Nacionais vigentes. Acredita-se que o docente é o protagonista para que as mudanças curriculares possam acontecer. O objetivo desta pesquisa foi analisar a percepção de docentes, estudantes e técnicos administrativos sobre o desenvolvimento docente em escolas médicas brasileiras a partir de um processo autoavaliativo. Trata-se de um estudo descritivo e exploratório de abordagem qualitativa. Os dados foram obtidos de uma avaliação nacional sobre as tendências de mudanças das escolas médicas realizada no ano de 2013 pela Comissão de Avaliação das Escolas da Àrea da Saúde da Associação Brasileira de Educação Médica. Foram avaliados quarenta e um cursos de medicina, utilizando o instrumento de avaliação de escolas médicas “Método da Roda”, o qual possui cinco eixos temáticos e vetores correspondentes. Este artigo apresenta os resultados da análise do Eixo “Desenvolvimento docente”, e seus quatro vetores: (1) formação didático-pedagógica, (2) atualização técnico-científica, (3) participação nos serviços de assistência e (4) capacidade gerencial. Da análise do conteúdo emergiram as categorias. Os resultados evidenciaram en todas as categorias que os processos formativos reconhecidos e institucionalizados ainda são escassos. As escolas médicas apresentam limitações para reconhecer a importância da institucionalização de programas de formação docente. Há discreta integração da escola e participação docente no sistema de saúde local, porém descontextualizada de sua importância política e social. A maioria das escolas médicas não promove a capacitação gerencial para docentes, embora reconheça sua importância. O processo de autoavaliação teve caráter participativo e colaborativo proporcionando um momento em que os envolvidos pudessem visualizar e analisar os reflexos de suas ações. 

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Biografia do Autor

  • Nilce Maria da Silva Campos Costa
    Profa. Dra. . Doutora em Educação (Currículo) pela PUC/São Paulo. Professora Titular da Faculdade de Nutrição da Universidade Federal de Goiás (UFG), onde atua desde 1980. Coordena o Projeto de Criação da Linha de pesquisa em Ensino na Saúde da Faculdade de Medicina (Pro Ensino na Saúde, (Edital Capes 24/2010). Docente do Mestrado em Nutrição e Saúde da Faculdade de Nutrição, do Programa de Mestrado e Doutorado em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina e do Programa de Mestrado Profissional em Ensino na Saúde da UFG. Líder dos grupos de pesquisa do diretório do CNPq: Avaliação curricular em saúde e Ensino na Saúde.
  • Jadete Barbosa Lampert
    Doutora em Saúde Pública pela Fundação Oswaldo Cruz (2002). Professora aposentada (2007) da Universidade Federal de Santa Maria, e atualmente professora voluntária na mesma instituição. Coordena a Comissão de Avaliação das Escolas Médicas da ABEM com desenvolvimento, desde 2006, de Projeto de Avaliação de tendências de mudanças nos cursos de graduação da área da saúde.

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Publicado

2017-04-28

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Processo autoavaliativo do desenvolvimento docente em escolas médicas brasileiras: espelhos e reflexos nas percepções dos atores institucionais. (2017). Revista Ciência E Estudos Acadêmicos De Medicina, 1(06). https://periodicos.unemat.br/index.php/revistamedicina/article/view/1772