Emprego do Sistema de Triagem de Manchester em hospital de referência do Alto Pantanal: resultados comparativos e desafios

Autores

  • Juliana Debei Herling Acadêmica de Medicina da UNEMAT, diretora científica da Liga Acadêmica de Urgência e Emergência de Cáceres (LAUREMC).
  • Mauricio Akira Kimura Nakamura Acadêmico de Medicina da UNEMAT, membro da LAUREMC.
  • Ricardo Sirotheau Gonzaga Jacob Acadêmico de Medicina da UNEMAT, vice-presidente da LAUREMC.
  • José Dárcio de Andrade Rudner Médico especialista em Medicina do Trabalho e em Perícia Médica Previdenciária, mestre em Terapia Intensiva, orientador da LAUREMC e docente da UNEMAT.
  • Luiz Carlos Pieroni Especialista em Ginecologia e Obstetrícia, Médico Diretor Técnico do HRCAF e docente da UNEMAT

Resumo

Introdução: a implantação de sistemas de triagem e protocolos nos serviços de emergência permitem o ordenamento dos atendimentos por meio de critério de risco clínico. São vários existentes no mundo, e, dentre eles, destaca-se o Manchester Triage System (MTS) ou Sistema de Triagem de Manchester (STM). Objetivo: comparar o resultado dos atendimentos utilizando o STM no Hospital Regional de Cáceres Dr. Antônio Fontes (HRCAF) e nas Policlínicas de Cuiabá, a partir de documentos divulgados publicamente, para verificar se existe similaridade no grau de concordância da classificação de risco com os atendimentos divulgados. Metodologia: este estudo é descritivo, comparativo e utiliza como fonte de dados dois documentos de divulgação pública - a edição de junho de 2015 do Jornal Regional, informativo do HRCAF, que apresenta dados sobre atendimentos em fevereiro e março de 2015 no setor de Trauma e Emergência do HRCAF; e o Plano Operativo da Saúde para a Copa do Mundo Fifa™, que apresenta dados sobre os serviços do Pronto-Atendimento das policlínicas da capital mato-grossense divulgados em 2013 pelo Governo de Mato Grosso. Este artigo compara dados desses dois documentos, que apresentam amostras diferentes sobre um mesmo tema - o atendimento de urgência e emergência seguindo o Protocolo de Manchester. Resultados: no HRCAF, os dados mostram que apenas 2% dos atendimentos foram de emergência. Foram totalizados 6% de casos muito urgentes e 22,5% de casos urgentes. Outros 55,8% dos casos foram considerados pouco urgentes, 3,6% não urgentes e 9,1% situação incompatível. Esses dados assemelham-se aos do serviço no Pronto-Atendimento das policlínicas de Cuiabá, os quais revelam que apenas 3,1% dos atendimentos foram casos de emergência, 21,4% pouco urgentes e 75,3% não urgentes. Discussão: ambos os dados divulgados publicamente pelas unidades pré-hospitalares de urgência e emergência (policlínicas) de Cuiabá e pela unidade hospitalar HRCAF refletem um percentual similar de atendimento de casos, com elevada proporção de atendimentos não urgentes ou pouco urgentes. Essa inadequação da demanda à finalidade do serviço de urgência e emergência parece ser mais relevante no HRCAF, uma unidade hospitalar de atendimento. Considerações finais: é possível que uma estruturação da rede de urgência e emergência e também a ampliação da Estratégia Saúde da Família contribuam para que o encaminhamento de pacientes entre os diferentes níveis de complexidade dos serviços ocorra conforme determina o Ministério da Saúde.

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Referências

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Publicado

2016-08-07

Como Citar

Herling, J. D., Nakamura, M. A. K., Jacob, R. S. G., Rudner, J. D. de A., & Pieroni, L. C. (2016). Emprego do Sistema de Triagem de Manchester em hospital de referência do Alto Pantanal: resultados comparativos e desafios. Revista Ciência E Estudos Acadêmicos De Medicina, 1(05). Recuperado de https://periodicos.unemat.br/index.php/revistamedicina/article/view/837

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