Extrema-direita

elementos de legitimação

Resumo

Trata-se de um ensaio que busca analisar os elementos de legitimação da extrema-direita em um contexto de crises e transformações sócio-políticas institucionais, destacando que o surgimento dessa frente política ocorre devido um  "esgarçamento social" e "fadiga democrática", em que muitas pessoas experimentam incertezas e desespero, tornando-se propensas a dar credulidade aos discursos políticos extremistas. Essa extrema-direita se legitima ao tentar propor uma "nova ordem restauradora" sob a liderança de políticos autoritários, afastando-se da racionalidade normativa moderna em favor de "decisões de cima para baixo e anti-modernas". Se beneficia de uma retórica simplista radical dos problemas, comumente gerada por meio de desinformação e banalização de falsas soluções. O ultraliberalismo camuflado nessa extrema-direita perversa se aproxima de práticas fascistas e nazistas, promovendo uma visão de mundo que encontra eco em parcelas da população apavoradas por "fantasmas e pesadelos" e que desacreditam no imaginário institucional racional. No Brasil, essas dificuldades agravam-se devido caráter tardio e semiperiférico da formação social e por uma cultura política precária, que dissocia ideais e práticas sociais, resultando em "blackouts institucionais" e no esvaziamento do potencial moderno das instituições jurídico-políticas. O maior desafio habita em contrapor-se politicamente a esse ultraliberalismo, sem recair na armadilha de substituir um populismo por outro, mas superando o pragmatismo subserviente aos ditames de um mercado financeirizado.