FEMINISMO NEGRO NA POESIA DE CORDEL DE JARID ARRAES
Palavras-chave:
Feminismo negro, Mulheres negras, Epistemicídio, Poesia de cordel, Jarid ArraesResumo
Este artigo visa analisar o livro Heroínas
Negras Brasileiras: em 15 cordéis (2020), da escritora
cearense Jarid Arraes, a partir da perspectiva do
feminismo negro e da poesia de cordel. O feminismo
negro discutido aqui está relacionado à luta contra
o racismo e contra o epistemicídio, por isso, trata
também da constituição da representatividade da
mulher negra em espaços de poder, como pode ser
considerado o espaço da literatura de cordel. Todavia,
a tradição do cordel dá destaque à autoria e ao
protagonismo masculino, aspectos problematizados
por Arraes ao dar visibilidade às quinze mulheres
negras nos cordéis que criou. Tendo em vista essas
questões, o aporte teórico se cerca de textos que
discutem o feminismo, o racismo e o apagamento
da produção intelectual de mulheres negras. Esse é
o caso de Chimamanda Ngozi Adichie, Bell Hooks,
Djamilla Ribeiro e da própria Jarid Arraes. Além
disso, consideramos também as concepções de
Márcia Abreu sobre a história do cordel no Brasil.
Nessa perspectiva, antecipamos como resposta às
discussões ora propostas a necessidade de debater o
feminismo negro na cena artístico-literária, como é o
espaço do cordel, um gênero atento às urgências de
cada época. Para além disso, ler e publicar mulheres
negras, escrever sobre essas mulheres, dando-lhes
a igualdade de atuação na produção de saberes, são
modos de dizer não ao silenciamento imposto pelos
sistemas hegemônicos de poder.