A PERSONAGEM FEMININA NEGRA E A SUPRESSÃO DO ERÓTICO NA LITERATURA
Palavras-chave:
Feminino negro, Espaço de Família, Torto Arado, Audre Lorde, EróticoResumo
O presente artigo é resultado da aproximação das postulações de Audre Lorde no texto “Os usos do erótico: o erótico como poder” e de reflexões acerca da representação do feminino negro na literatura brasileira. Ao passo disso, tivemos como finalidade empreender uma análise sobre a negação do erótico à mulher negra no campo literário, a partir da teorização de tal conceito realizado pela intelectual supracitada. Para tanto, teoricamente, recorremos também à Carneiro (2019), Evaristo (2005), Gonzalez (2020) para tratar sobre o feminino negro, e a Candido (2009) para embasar o conceito de personagem empregado em parte deste trabalho. Como corpus analítico, teceremos um diálogo entre os romances contemporâneos Espaço de família (2022), de Adilson Vagner, e Torto Arado (2019), de Itamar Vieira Junior. Como resultados, identificamos que a tradição literária nacional contribuiu para a cristalização de imagens estereotipadas acerca das mulheres negras, destacando-se a anulação do erótico em relação a esse referente. Com isso, no contemporâneo, autores nacionais assumem o papel de elaborarem, estética e eticamente, representações contestatórias por meio de personagens mais complexas e desmistificadas.