LITERATURA INFANTIL E JUVENIL EM MATO GROSSO: A MANIFESTAÇÃO DA VIOLÊNCIA NA OBRA “CABELO RUIM?”, DE NEUSA BAPTISTA PINTO (2006)
Palavras-chave:
Neusa Baptista Pinto, Literatura produzida em Mato Grosso, Violência, Cabelo Ruim, Raimundo PomboResumo
A obra intitulada “Cabelo Ruim?” publicada pela primeira vez em 2006, posterior à Lei n. 10.639/2003 (Brasil, 2003) tem, como princípio, o ensino das questões raciais e afrobrasileiras, nas disciplinas do currículo da educação nacional. Tal obra acrescenta um novo nicho no mercado editorial, uma vez que se estruturou a necessidade de uma produção voltada ao público negro o qual, por vezes, não foram representados com frequência em obras literárias. Muitas vezes, quando representados, eram tidos apenas enquanto meliantes e, com efeito, com caráter animalesco, não tendo um papel real de representatividade. Nesse movimento, visualiza-se a pertinência da pesquisa e a importância da popularização, tanto de uma literatura negro/afro-brasileira, quanto a que
é produzida em Mato Grosso. O livro é um rico campo de análise social através dos construtos e dispositivos teóricos da ótica literária, ao passo em que trata de assuntos que mesmo que sejam fracturantes, estão presentes, sobretudo, na vida da população negra, em especial, as meninas que possuem cabelo com afro. Objetiva-se nesta pesquisa, então, analisar em uma perspectiva antirracista, a representação da menina negra em ambiente escolar/literário, bem como observar a visualização da materialização e dos desdobramentos da violência sofrida pelas personagens principais da obra. Trata-se de um recorte de uma pesquisa bibliográfica, ainda em andamento, de dissertação de mestrado em estudos literários, no Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Estudos
Literários (PPGEL), da Universidade de Estado de Mato Grosso (Unemat). Ainda que preliminares, os resultados já se materializam, pois há marcas do racismo deixado pela colonização europeia no modo de vida das personagens, fazendo, assim, com que as ações possam ser vistas através dos estudos decoloniais, em uma perspectiva antirracista. Pode-se observar, pois, o enquadramento da obra nas discussões sobre a literatura negro e afro-brasileira. Os principais aportes teóricos dessa pesquisa são: Cuti (2010), Lajolo e Zilberman (1999), Rolon (2014) e Braga (2021).