O PERSONAGEM-ESCRITOR E A FICÇÃO COMO CRÍTICA
Resumo
De acordo com Patricia Waugh (1984, p. 6), “o menor denominador comum da metaficção é simultaneamente criar uma ficção e fazer uma declaração sobre a criação daquela ficção”. São esses dois processos que ocupam, juntos, uma tensão formal que tenta eliminar a distinção entre criação e crítica. Podemos dizer que a metaficção tem um traço constante e específico: a existência, no corpo do texto, de um comentário crítico, reflexivo e consciente do narrador ou de um personagem-escritor sobre os procedimentos de composição do próprio romance. Partindo de estudos teóricos sobre a metaficção (HUTCHEON, 1985; OMMUNDSEN, 1993; WAUGH, 1984), propomos a análise do romance Um crime delicado, de Sérgio Sant’Anna, publicado em 1997.Downloads
Referências
BAKHTIN, Mikhail. Questões de literatura e de estética. A teoria do romance. São Paulo: Ed. da Unesp, 1998.
HUTCHEON, Linda. Narcissistic narrative: the metafictional paradox. London/New York: Methuen, 1984.
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WAUGH, Patricia. Metafiction: the theory and practice of self-conscious fiction. London: Methuen, 1984.