AS ARMADILHAS DA LITERATURA: ?A ÚLTIMA PALAVRA? DE RUBENS FIGUEIREDO
Resumo
Alguns discursos em defesa da literatura, sob alegadas qualidades estéticas e ideais emancipatórios, acabam reforçando concepções canônicas que a conformam a um papel institucional, diluindo seu potencial de “resistência” à ordem social e política. Neste artigo, discutimos, num primeiro momento, a partir de Wolfgang Iser (2002), alguns fundamentos dos estudos humanísticos que sustentam a primazia da literatura; num segundo passo, examinamos o conto “A última palavra” (Contos de Pedro, 2006), de Rubens Figueiredo, demonstrando que a autorreflexividade da narrativa, ao contrário de instituir o elogio da literatura, evidencia o jogo de dominação e alienação ao qual ela serve de aliada.
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Referências
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