SOCIEDADE E POLÍTICA EM FAZENDA MODELO: NOVELA PECUÁRIA, DE CHICO BUARQUE
Resumo
Esta dissertação apresenta uma investigação sobre a produção inaugural de Chico Buarque no cenário literário, cujo enredo constrói uma representação do Brasil da década de 1970, quando se vivia uma intensa censura, consequência da Ditadura Militar. Trata-se de Fazenda Modelo: novela pecuária, produzida em 1974, um texto narrativo que institui uma intensa crítica sociocultural e política sobre o país, num período conhecido como os anos de chumbo. Os procedimentos de análise foram amparados por teorias sobre a narrativa, bem como estudos críticos e história literária, efetivando-se, portanto, a pesquisa bibliográfica. Nesse contexto, colocamos em pauta as ideias de Mikhail Bakhtin (2003), Erich Auerbach (2007), Jean - Paul Sartre (1986), Antonio Candido (2000), Alfredo Bosi (2002), Walter Benjamin (1984), Paul Ricoeur (1994) entre outros teóricos e críticos que deram sustentação ao estudo; além disso, recorremos a estudiosos que ajudaram a compor a fortuna crítica de Chico Buarque, tais como: Meneses (2002), Ridenti (2002) e Zappa (2001). A pesquisa justifica-se pelo fato de Chico Buarque possuir um intenso histórico de engajamento sociocultural e político, tanto no campo musical quanto na produção literária, seja na representação do feminino ou na discussão sociocultural e política do Brasil, no período ditatorial. Fazenda Modelo, mesmo sendo a obra que insere o autor no âmbito da ficção literária, não possui uma crítica muito extensa como lhe é peculiar na música e no teatro; esse aspecto certamente nos instigou a investigar esta produção literária. Na esteira desse pensamento, a presente dissertação procurou desvendar a escrita do autor e, ao mesmo tempo, discutir, pelo viés da literatura, o cenário brasileiro da época, mais especificamente como essa narrativa disseminou o substrato social e político na urdidura textual. Percebemos que os elementos trazidos no texto desnudam uma maestria no processo de escrita, em que o autor apresenta um rigor estético e também um pano de fundo fruto das suas experiências individuais e das experiências coletivas.