ESBOÇO DE UMA GEOGRAFIA POÉTICA FRANCESA CONTEMPORÂNEA: O LEGADO VARIADO DE FRANCIS PONGE
Resumo
A poesia francesa contemporânea distingue-se por uma grande variedade de práticas. Em Sorties, publicado em 2009, Jean-Marie Gleize propõe uma cartografia dessa diversidade (2009, p. 56). Ele sugere distinguir as seguintes categorias: a poesia, um academicismo inspirado em Paul Valéry e exemplificado por Yves Bonnefoy (nascido em 1923) ou Philippe Jaccottet (nascido em 1933); re-poesia, um neo-lirismo, exemplificado por James Sacré (nascido em 1939) ou Jean-Michel Maulpoix (nascido em 1952); neo-poesia, isto é, as vanguardas textualistas (Denis Roche, nascido em 1937), formalistas
(Jacques Roubaud nascido em 1932), sonoras (Julien Blaine nascido em 1942, Bernard Hiedsieck 1928-2014), glossolálicas (Christian Prigent nascido em 1948) e, enfim, a pós-poesia, ou seja, a escrita literalista ou objetivista (exemplificada pelo próprio Gleize, nascido em 1946, Dominique Fourcade, nascido em 1938, etc.). Essas denominações abrangem parcialmente outras categorias propostas, por exemplo, por Dominique Viart e Bruno Vercier, em 2008, em La littérature française au présent (Bordas): neolirismo (Sacré, Maulpoix e, mesmo, o lirismo épico de Darras, nascido em 1939), poesia branca
(Fourcade), poesia à contrainte (Roubaud), poesia sonora ou visual (Blaine), poesia performática (Prigent e TXT). Ao se debruçar sobre um assunto bastante recente, não há, ainda, distanciamento suficiente dos estudiosos para unificar suas denominações. Ressalto, inicialmente, essa instabilidade dos elementos descritivos. Além disso, a diversidade poética mencionada anteriormente desafia as possibilidades de uma exposição ou conhecimento abrangentes.
Por isso, concentrarei minha atenção em um continente poético particular. Trata-se do que denominarei de “poesia crítica”, contribuindo para a multiplicidade de categorias teóricas, mas para propor um outro caminho que possa orientar os leitores na floresta da diversidade poética atual.