O RISCO DE EROS NA PELE DO TEXTO: A POESIA ERÓTICO-CONCRETA DE DÉCIO PIGNATARI
Resumo
Considerado a última vertente das vanguardas, o concretismo foi um movimento que surgiu na década de 1950, em São Paulo, especificamente da tríade formada pelos irmãos Augusto e Haroldo de Campos, e Décio Pignatari. Por cerca de três décadas o movimento produziu textos cuja concretude se
dava pela valorização da palavra em sua forma tipográfica disposta na geografia do papel. Herdeira de Mallarmé, Apollinaire, Joyce, Cummings e Oswald de Andrade, a poesia concreta tornou-se produto de exportação, aquilo com o qual havia sonhado Oswald de Andrade. O concretismo foi o campo onde a tradição literária ocidental e oriental seria atualizada, traduzida, “transcriada”, sintetizada em imagens, tipos, formas, num entrecruzamento de discursos. Os temas dessa poesia atualizam alguns problemas humanos recorrentes na literatura. Um desses temas é o erotismo, em suas diversas ramificações, ora de cunho clássico, ora de cunho profanatório ou carnavalizado. Portanto, o artigo se propõe a analisar a poesia concreta erótica de Décio Pignatari, procurando investigar sua relação com o discurso erótico do Ocidente e do Oriente. Além disso, procurou-se interpretar esses poemas à luz dos teóricos do erotismo, tais como Freud, Bataille, Barthes, Octavio Paz e Foucault.