ANCESTRALIDADE AFRICANA NA LITERATURA BRASILEIRA: A IDENTIDADE CULTURAL DO SUJEITO DIASPÓRICO EM ÚRSULA, DE MARIA FIRMINA DOS REIS
Resumo
Este artigo é um estudo das personagens do romance Úrsula (1859), de Maria Firmina dos Reis, centrado na observação de como se estabeleceram as relações entre colonizador e colonizado no contexto da diáspora e na construção da identidade cultural dos negros fora do território africano. Nessa narrativa, Maria Firmina dos Reis denuncia a escravidão africana no Brasil e abdica a estereotipia negativa atribuída ao negro pela literatura brasileira colonial e pós-colonial, que quase
sempre o apresenta ou como exótico e inferiorizado ou simplesmente como cruel e desumanizado. Nessa narrativa é possível perceber como a autora tratou da reconstrução da identidade através da memória coletiva de um povo que apesar de massacrado ainda conseguiu firmar raízes no novo território sem, contudo, abandonar a ancestralidade da “mãe África”. Para melhor compreensão desse processo diaspórico estabelecemos um diálogo com os teóricos da diáspora, Stuart Hall (2003 e 2006), Frantz Fanon (2002), Homi K. Bhabha (1998), e revisitamos teóricos como Gilberto Freyre (2003), Darcy Ribeiro (1995), POLLAK (1992), dentre outros.