RESGATANDO A MEMÓRIA DE CAROLINA MARIA DE JESUS: ALGUNS APONTAMENTOS
Resumo
Negra, favelada, catadora de lixo e semianalfabeta, Carolina Maria de Jesus (1914-1977) é um caso curioso de se investigar, um meteoro de rápida aparição no panorama literário nacional, de transitória ascensão e sub-reptícia queda, tendo morrido reclusa e indigente num pequeno sítio em Parelheiros, na periferia de São Paulo, sem que o seu devido mérito tivesse sido reconhecido em seu próprio país. Embora tenha sido traduzida em no mínimo treze línguas, conhecida em 40 países, superado em vendas nos Estados Unidos um escritor de renome como Jorge Amado e continue a ser um grande referencial nos programas de literatura de línguas românicas das grandes universidades do exterior -, no Brasil ela ainda continua esconhecida do grande público e ignorada pelos críticos. Minha fala tem o objetivo de divulgar essa escritora entre as massas, além de equacionar algumas questões pertinentes à compreensão do preconceito por ela sofrido em sua própria terra e do ostracismo a que foi relegada. Espero com isto estar contribuindo para – se não a alçar ao panteão das grandes deusas como Clarice Lispector, Lya Luft, Nélida Pinõn e Rachel de Queirós - pelo menos torná-la uma autora de destaque como acontece pelo mundo afora.