AGOSTINHO NETO E XANANA GUSMÃO: POEMAS DA PRISÃO
Resumo
A colonização portuguesa em Angola e a invasão indonésia em Timor-Leste motivaram a necessidade de manifestar a denúncia da opressão e a busca pela emancipação pela via poética, o que resultou na conexão entre arte e política presentes na poesia militante de Agostinho Neto e Xanana Gusmão. Comprometidos com suas gentes e seus sentimentos
mais profundos, ambos combateram em duas frentes: enquanto líderes revolucionários e poetas engajados na construção de um espaço social livre e justo. Sujeitos de dramas políticos distintos, a prisão não foi suficiente para cessá-los. A palavra representou um de seus instrumentos de luta e nela projetaram a mudança, estabelecendo uma relação intrínseca entre o pensar e o agir. Seus poemas, produzidos no contexto prisional, evidenciam o caráter insubmisso, doloroso e libertário dos versos, que se afirmaram não como simples necessidade estética, mas sim como uma reflexão consciente e crítica acerca do sistema de dominação. Agostinho Neto e Xanana Gusmão negaram o isolamento ao reverberar uma poesia ativa e racional na convicção de um futuro aguardado sob perspectiva do presente, permitindo a transformação dos anseios em realidade.