FAUSTO E EUTANÁZIO: DISTANTES NO TEMPO E PRÓXIMOS NO CAOS DE SI
Palavras-chave:
Fausto, Eutanázio, Literaturas de expressão amazônica, carência/falta de si, medoResumo
Neste artigo pretendemos apresentar as aproximações entre as personagens Eutanázio, na obra Chove nos campos de cachoeira, de Dalcídio Jurandir, e Mefistófeles, na obra Fausto I, de Johann Wolfgang von Goethe. Abordamos o apelo à descolonização na personagem Eutanázio, a iniciar da experiência da negação do ser, aproximando sua experiência com a personagem Fausto de Goethe, no contexto de crítica à sociedade burguesa europeia. Para essa discussão, fundamentamo-nos no conceito sartreano sobre a experiência do nada e na teoria dos estudos póscoloniais. A metodologia desse trabalho pautou-se
nos estudos comparativos da literatura. Os resultados encaminham-nos para a compreensão de um processo de colonização que acontece a partir da desconstrução do ser do colonizado por parte do colonizador, tornando-o selvagem, violento e mefistotélico. No universo eutanaziano e, em Fausto, o contato com a carência/falta de si mesmo, promove a crise existencial descontruindo
o ser. A descolonização de Eutanázio ou desconstrução de si na personagem Fausto, inicia-se a partir do encontro do ser com o seu próprio nada, na figuração de seus medos, de suas carências/faltas, indicando o processo de consciência do poder opressor e de conflito existencial vivido pelas personagens Eutanázio e Fausto, denunciantes de práticas sociais opressoras.