O IMPOSSÍVEL RETORNO: DEGRADAÇÃO E UTOPIA EM LUIZ RUFFATO
Resumo
O trabalho aborda a narrativa “Uma fábula”, que compõe o livro Mamma, son tanto felice (2005), de Luiz Ruffato, buscando entender a configuração patriarcal dada pelo narrador à personagem Michelleto velho. Para tanto, retoma-se a compreensão teórica (AGAMBEN, 2009; BOURDIEU, 1992; HARDMAN, 1996; LIMA, 1989; SCHWARZ, 1992) que verticaliza estudos sobre as relações de poder estabelecidas na sociedade com o advento do Capitalismo. Nota-se que o narrador tende a assimilar a voz da personagem Michelleto assumindo uma posição tutelar dentro da narrativa. Além disso, observa-se de que modo a violência simbólica é utilizada como mecanismo de coerção e exploração do trabalho. Em contraponto, a imagem do filho André coloca em tensão a soberania de Michelleto, tendo em vista que seu pensamento utópico choca-se com a barbárie representada pela figura paterna.
Downloads
Referências
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Ulisses ou o mito e esclarecimento. In:_____. Dialética do esclarecimento. Tradução de Guido Antonio de Almeida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1985.
AGAMBEN, Giorgio. O que é Contemporâneo? Tradução de Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009.
BAUMAN, Zygmunt. O mal-estar da pós-modernidade. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1998.
BENJAMIN, Walter. Sobre o conceito da história. In:______. Magia e técnica, arte e política: ensaios sobre literatura e história da cultura. Trad: Sérgio P. Rouanet; Prefácio: Jeanne M. Gagnebin. 7. ed. São Paulo: Brasiliense, 1994.
BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido se desmancha no ar – a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986.
BOURDIEU, Pierre; PASSERON, Jean Claude. A reprodução. Elementos para uma teoria do sistema de ensino. 3. ed., Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1992.
COHEN, Jeffrey Jerome. A cultura dos monstros: sete teses. In: SILVA. Tomaz Tadeu (org.). Pedagogia dos monstros – os prazeres e os perigos da confusão de fronteiras. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva. Belo Horizonte: Autêntica, 2000.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Lembrar, Escrever, Esquecer. São Paulo: Ed. 34, 2006.
HARDMAN, Francisco Foot. Brutalidade Antiga: sobre história e ruína em Euclides da Cunha. Revista Estudos Avançados. São Paulo, v. 10, n. 26, 1996.
HOSSNE, Andrea Saad. Degradação e acumulação: considerações sobre algumas obras de Luiz Ruffato. In: HARRISON, Marguerite Itamar (org.). Uma cidade em camadas – ensaios sobre o romance Eles eram muitos cavalos, de Luiz Ruffato. São Paulo: Editora Horizonte, 2007.
LIMA, Luiz Costa. Versão solar do patriarcalismo: Casa-grande & senzala. In:_____. A aguarrás do Tempo. Rio de Janeiro: Rocco, 1989.
LÖWY, Michael. Posfácio. In:_____. HARDMAN, Francisco Foot (org.). Morte e progresso: cultura brasileira como apagamento de rastros. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.
OLIVEIRA, Lúcia Lippi. A questão nacional na Primeira República. São Paulo: Brasiliense; Brasília: CNPq, 1990.
ORTIZ, Renato. A viagem, o popular e o outro. In:______. Um outro território – ensaios sobre a mundialização. São Paulo: Olho d’Água, 1996.
PINHEIRO, Paulo Sérgio. Prefácio. In:_____. HARDMAN, Francisco Foot (org.). Morte e progresso: cultura brasileira como apagamento de rastros. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1998.
RUFFATO, Luiz. Uma fábula. In:_____. Mamma, son tanto felice (Inferno Provisório; 1). Rio de Janeiro: Record, 2005.
SCHWARZ, Roberto. As idéias fora do lugar. In:______. Ao vencedor as batatas. São Paulo: Duas Cidades, 1992.