MELANCOLIA E SOLIDÃO EM POEMAS DE LÚCIO CARDOSO
Resumo
No decorrer da história das produções literárias, a melancolia frequentemente se revelou como um estado de alma que possui um forte vínculo com as manifestações poéticas. Mais do que um simples temperamento ou doença, a melancolia se fez presente em diversas obras poéticas, destacando-se por meio
de imagens peculiares e topos recorrentes. Uma dessas imagens é a solidão. O sujeito melancólico é, por excelência, um homem solitário. Não existem relações possíveis e aprazíveis para o melancólico, não há salvação, tampouco redenção, por isso, o isolamento adquire um certo grau de voluptuosidade para ele. Dentre todos os escritores que fizeram da melancolia uma presença constante no decorrer de suas obras, o escritor mineiro Lúcio Cardoso (1912-1968) assoma como um poeta essencialmente melancólico. Desde as suas primeiras obras poéticas até os seus poemas publicados postumamente, as obras cardosianas possuem um forte vínculo com o sentimento melancólico e, ademais, tornam-se, como aponta o crítico literário Almeida Filho (1942), o leitmotiv de todo o seu projeto poético. Nesse sentido, o presente artigo tem como objetivo analisar os elos que se estabelecem entre a melancolia e solidão na poesia cardosiana.