VIAGEM E EXPLORAÇÃO COLONIALISTA NA UTOPIA INGLESA CLÁSSICA
Resumo
Os primeiros escritos utópicos ingleses (Utopia de Morus e A Nova Atlântida de Bacon) abordam temas vinculados à ideia da colonização do Novo Mundo, tanto na construção idealizada do mundo outro quanto nos relatos feitos pelos interlocutores do viajante em relação à forma como são tratadas as populações nativas. O viajante da utopia é tomado, antes de tudo, pela sensação de maravilhamento diante do mundo recém descoberto. No entanto, aos poucos, ele vai sendo instruído pelos seus ‘guias’ e ao estupor se substitui a descrição detalhada de como tal mundo pôde ser estabelecido, cuja ordem se revela muito mais avançada, social e tecnologicamente, que a do Velho Mundo. Esta seria a forma pela qual o colonizador passaria a ser colonizado. Acredito que se trata de um artifício usado pelo utopista para projetar uma imagem futura e idealizada do homem europeu. A América se configura como espaço onde é possível projetar a imagem de uma ordem político-social redimida dos males contemporâneos do autor. Meu objetivo é apresentar como os três escritos utópicos em questão elaboram tais imagens, assim como problematizam a imagem do outro, o homem americano em seu mundo.
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Referências
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