SOBRE O FEMININO NOS MANIFESTOS CARTONEROS E O ALINHAVAMENTO DE UM SUJEITO COLETIVO
DOI:
https://doi.org/10.30681/moinhos.v0i3.2435Resumo
As cartoneras são coletivos literários que, majoritária e profanamente, costumam ser batizadas com nome de mulher. Entretanto, nossa aposta de escrita consiste em afirmar que, mais que terem nomes de mulheres, costuram uma proposta de ação que se origina em uma estrutura de relação com o saber permitida pelo gozo suplementar, feminino, tal como colocado por Lacan no Seminário 20 (2008). O gozo suplementar seria uma matriz de leitura e escritura que excede a lógica masculina, fálica, baseada em classificações e hierarquizações. As cartoneras estabelecem uma relação com tal gozo, afastando-se de uma lógica fálica, que justamente estabeleceria e reafirmaria suas fronteiras ao firmar estratégias de ação e conquista, como tão comum nos manifestos artísticos do princípio do século passado, que visavam romper com a tradição estabelecida, afastando-se dela (GELADO, 2008). Por ser a mulher não toda (LACAN, 2008, p.38), há sempre alguma coisa dela que escapa ao discurso e foge das fronteiras, resistindo e excedendo as grades linguageiras. Assim, o gozo suplementar, não captável via linguagem, não só fugiria das grades linguageiras, mas seria também um recanto de ludicidade no interior do já domesticado via linguagem, favorecendo, neste canto que se cava, a construção de uma alternativa aos sentidos já estabilizados.
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