Tempo e memória na produção linguística de um estudante surdo na Educação de Jovens e Adultos -EJA
DOI:
https://doi.org/10.30681/traos.v9i1.13025Palavras-chave:
Estudante surdo, EJA, Libras, História oral, NarrativasResumo
Este artigo objetiva analisar as produções de sentidos no se refere às categorias de memória, de tempo, de narração e de identidades por meio das narrativas produzidas por uma pessoa estudante, considerada pela comunidade escolar como surda, na Educação de Jovens e Adultos (EJA), matriculado no Centro de Educação de Jovens e Adultos (CEJA) na cidade de Rio Branco, Acre. A partir de uma metodologia de base qualitativa com um olhar descritivo-interpretativo e método da História Oral (Portelli, 1997) com técnica de entrevista, observamos que as memórias produzidas pelo estudante o constituem enquanto um sujeito que não se identifica como uma pessoa surda, tendo em vista que a compreensão de surdez somente começa a acontecer após a sua entrada na escola, em que será intitulado como tal e passará a estudar a Língua Brasileira de Sinais/Libras, o que demonstra que as identidades surdas (Perlin, 2003) são construções da linguagem. Nesse sentido, a Libras é reconhecida como a língua materna das comunidades surdas brasileiras, o que, para o referido sujeito, é um problema, considerando as transições identitárias e culturais que construiu e pelas quais passou ao longo de sua vida dentro e fora da escola.
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