A LITERATURA AFROBRASILEIRA DE CONCEIÇÃO EVARISTO: CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE, EM OLHOS D’ÁGUA
Palavras-chave:
Africanidade, Literatura Afro-brasileira, EquidadeResumo
O presente artigo tem como intenção discutir sobre a importância da literatura afro-brasileira como condução para aproximar os leitores da cultura e perspectivas que envolvam o povo negro e, a partir dela visualizar e compreender vários usos e costumes livres de
atravessamentos, preconceituosos cultivados pelo meio social. Desse modo, escolhemos a obra Olhos D’água, de Conceição Evaristo, uma coletânea com quinze contos que abordam principalmente a condição feminina a partir do conceito, por ela formulado, de escrevivência. As histórias narradas nessa coleção se entrelaçam, ao relatarem também histórias de mulheres e homens negros que sofreram e sofrem os mais diferentes tipos de violência e depreciação na sociedade. Logo no primeiro conto, que leva o título do livro, a autora não fica apenas relatando sofrimentos, o leitor é envolvido em um contexto de ancestralidade e identidade afro-brasileira que
transcende ao imaginário de cada leitor, e de forma lírica, mostra a dura realidade de seus personagens, no intuito de provocar reflexões e levantar críticas nos leitores. Evaristo dialoga com as demandas, por respeito, justiça e igualdade, sua escrita instiga mudanças em relação aos acontecimentos, que a partir da criticidade, buscam por direitos adquiridos e por equidade. Assim, a literatura afro-brasileira descontrói estereótipos, renuncia as imposições sociais, liberta e ao mesmo tempo participa na reconstrução da autoestima das novas gerações. Tomemos como base teórica os estudos de Bernd (1988), Dalcastangné (2014), Duarte (2013, 2021), Evaristo (2005, 2020) etc.