Entre Musseques e Sarobás: a imagem poética dos espaços, em António Jacinto e Lobivar Matos
Resumo
Este estudo volta-se para a configuração da imagem poética dos espaços, na poesia de António Jacinto, natural de Angola e de Lobivar Matos, brasileiro que produziu literatura em Mato Grosso. Em seus poemas, ambos chamam a atenção para espaços periféricos que se encontravam invisibilizados pela indiferença social. Evidenciase, deste modo, a resistência desses intelectuais, em relação ao espaço simbólico. Ao tomarem a representação da imagem poética; os espaços referenciais dos Musseques em Angola e, de Sarobá, em Corumbá-Brasil, bem como, as vivências de suas oprimidas personagens poemáticas, contribuem para redimensionar o nosso olhar. Nosso corpus de pesquisa centra-se na obra, Poemas (2004), do angolano António Jacinto, em Lobivar Matos, tomamos mais de uma obra, sendo: Areôtorare (1935) e Sarobá (1936). Trata-se de um estudo comparatista subdividido em três capítulos nos quais faremos incursões pela literatura angolana e brasileira. No primeiro capítulo tecemos algumas considerações sobre as literaturas angolana e brasileira enfatizando o campo literário de António Jacinto e de Lobivar Matos. Buscamos aporte em Jean Paul Sartre (2004), Alfredo Bosi (2002), Edward Said (2005), Pierre Bourdieu (2005). No segundo capítulo voltamo-nos para a questão da configuração da imagem poética do espaço social, tanto no Musseque, quanto em Sarobá. Nossa análise foi baseada no conceito de espaço de Milton Santos (1988), Jean Chevalier (2015), Gaston Bachelard (2008) em sua Poética do espaço, e por fim, Ozíris Borges Filho (2005) que desenvolve o conceito de topoanálise. No último capítulo adentramos nas análises dos doze poemas selecionados, como forma de apresentar o registro social e a preocupação com a condição das personagens, sobretudo as femininas. Neste sentido, trouxemos a crítica de Antonio Candido (2011) para a discussão sobre literatura e sociedade, Octávio Paz (2009), (2012) no que tange aos conceitos de ritmo, uso da palavra e a voz do poeta.