O CICLO DAS ÁGUAS: SEGUINDO O “ROTEIRO PARA UMA EXCURSÃO POÉTICA NO PANTANAL”
Resumo
Neste artigo, analisamos os poemas “Vespral de chuva” e “Mundo renovado”, do Livro de pré-coisas, do poeta Manoel de Barros por configurarem certo valor ritualístico no processo cíclico da natureza, o que nos chamou a atenção. Assim, vimos o ciclo das chuvas acontecer em uma fazenda pantaneira, por meio de construções imagéticas e estilísticas, destacando, sobretudo, o encadeamento de metáforas e metonímias que, analisadas em concomitância à crítica arquetípica de Northrop Frye, explicitam o ritual dos seres vivos animal/homem/planta) ante a chuva, e percorrem um Pantanal reinventado pelo lápis do poeta em imagens que extrapolam o ambiente natural. Utilizando os conceitos de simbolismo aquático, da crítica arquetípica fryeriana, constatamos que os ciclos de vida dos seres do Pantanal estão intimamente relacionados à água, o que a torna o principal simbolismo desse espaço numa alusão ao símbolo de (retorno) origem, ciclo perene que possibilita o nascimento e a renovação das vidas.