A oralidade como forma de existir a África

Um caso de preservar o passado, o presente e o futuro das comunidades africanas

Autores

  • Hinda Universidade do Estado do Amazonas
  • David Universidade Federal do Sul da Bahia

DOI:

https://doi.org/10.30681/rccs.v10i1.12693

Palavras-chave:

Oralidade; Língua; Cultura; África e Tradição

Resumo

O presente artigo aborda a importância da tradição oral na cultura africana, destacando-a como um elemento milenar e fundamental para a preservação dos valores e identidade dos diversos grupos culturais do continente. A oralidade é vista não apenas como um meio de comunicação, mas como uma forma poderosa de transmitir sabedoria ancestral e resistência cultural, especialmente após a era colonial. A partir disso também se procura discutir como a tradição oral foi desvalorizada pelas ideologias coloniais e sublinhada por um olhar eurocêntrico, mas ressaltando a sua continuidade e relevância na atualidade. A tradição oral africana é apresentada como uma ferramenta essencial para a reconstrução da história e cultura pré-colonial, perpetuando conhecimentos, valores e práticas sociais. Além disso, a língua e a oralidade são descritas como elementos cruciais para a preservação cultural, proporcionando um senso de identidade e pertencimento. Conclui-se enfatizando a resistência e empoderamento proporcionados pela oralidade, que continua a ser um método de proteção da identidade africana e uma forma de contrapor os valores da cultura ocidental.

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Biografia do Autor

  • Hinda, Universidade do Estado do Amazonas

    É natural do Uíge/Angola. Possui graduação em Ensino a História pela Escola Superior Pedagógica do Bengo (2021), Mestrando em Educação pela Universidade do Estado do Amazonas(PPGED).Presidente da Associação de Inclusão e Participação Comunitária - "AIPC";Co-fundador da Organização de Integração e Ajuda Comunitária - AIAC;Coordenou em conjuntos com os outros membros PREPARATÓRIO COMUNITÁRIO" cujo slogan Servir para uma comunidade melhor", visa impulsionar massivamente os jovens aderirem aos espaços Universitários - 2020;Coordenou em Parceria com outra organização, Mostra Teu Talento", ademais, foi um campeonato co-organizado pela UFA AIPC, cujo objetivo era o combate à delinquência usando o desporto - 2021;Coordenou em parceria com Real Friendz Projecto Kikolo 100 Crime", uma iniciativa que teve como finalidade, discutir sobre os problemas de delinquência nos nossos musseques, e daí encontrarmos soluções para tal desgraça que muito dilacera os musseques; Coordenou Projeto Leitura na Banda um iniciativa de estímulo e conscientização aos jovens ao apego aos livros, concomitante o gosto pela leitura. Participou no Evento CIT - I Congresso Internacional de Teatro do Amazonas - 2023;Participou no Workshop, em formato híbrido, com o tema Como elaborar uma tese: Dissertações e teses, promovido pelo programa de Pós-Graduação em Educação - PPGED/UEA - 2023;Foi monitor da 41 Reunião Nacional da ANPED, realizada na UFAM/UEA - 2023;Palestrou no mês da Consciência Negra, nos dias 16 e 23 no Museu Amazônico afeto a Universidade Federal do Amazonas - UFAM, subordinado ao tema :África em Nós ;Participou no Podcast alusivo ao dia do Museu Amazônica, subordinado ao tema: Leituras Brasil e Angola; Participou como Ouvinte do VIII Transfronteiras - Educação e Interculturalidade na Amazônia : Um Traçado de Saberes, promovido pelo Programa de Pós-Graduação Interdisciplinar em Ciências Humanas - PPGICH/UEA;I Seminário Nacional Aquilombar-se" Estéticas fabulatorias, escolas contracoloniais" 12 a 14 de Junho de 2024; Palestrou em conjunto com Adilson Kamy no Colégio Ideal"Bahia" sobre tema" Dança, arte e História Africana" parte da Oficina de Dança dos alunos 7ª anos, participou na conversa sobre "Pedagogia das Margens". Encontro que traz história e tradição africana para promover conscientização cultural,e combater racismo; Participou como Orador "I Encontro de Linhas de Pesquisa do PPGED" com seguinte artigo expandido "A falta das práticas pedagógicas da cultura africana e a afro-brasileira nas escolas públicas do Ensino Médio em Manaus-AM"

  • David, Universidade Federal do Sul da Bahia

    Natural de Luanda – Angola, é estudante de graduação na Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB no curso de Licenciatura Interdisciplinar em Linguagens e Códigos e suas Tecnologias, tendo ingressado em 2021 por meio de uma transferência externa concedida pela sua antiga Universidade Agostinho Neto (UAN). Ex - intercambista da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC no curso de Letras - Língua Portuguesa, em 2021, bolsa concedida pela AULP - Associação de Universidades de Língua Portuguesa. Fez o Ensino Médio no Liceu nª 3088, em Luanda, no curso de Ciência Econômica e Jurídica (2017 – 2019). Em 2020, atou como professor formador para ingresso à universidade na sua comunidade do Kikolo-Angola. É membro do grupo de Estudo Raciais e Linguísticos, (UESC) e do grupo de pesquisa Racismo e Linguagem (UFSB). Foi um dos organizadores da Primeira Jornada Internacional de Estudos de Linguagem: Racismo Linguístico e Racismo nos Estudos da Linguagem realizado em Ilhéus no ano de 2022. Desenvolve pesquisa como bolsista, na UFSB, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB, desde 2022, na qual é coordenador, pesquisando sobre Racismo e Antirracismo no Ensino de Línguas – RAEL. Ministrou a oficina Diálogos Étnicos Raciais no Colégio Estadual de Salobrinho no ano de 2022, em Ilhéus, que tinha como tema África-Brasil: cultura e ancestralidade. Participou, em 2022, do curso de extensão Curso Básico de Língua Inglesa e Interculturalidade Aberto à comunidade da UFSB. Nos anos de 2022 e 2023 participou do 8º e 9º Congresso de Iniciação à Pesquisa, Criação e Inovação, realizado no campus Jorge Amado – UFSB, sendo que no primeiro ano conquistou o primeiro lugar e no segundo foi reconhecido com o Prêmio Destaque de Iniciação Científica e Tecnológica da UFSB, com a pesquisa Racismo e Antirracismo no Ensino de Línguas. Foi um dos organizadores da palestra intitulada” Uma resposta ao estímulo-resposta: como a teoria gerativista ajudou a linguística a compreender como se aprende uma língua" proferida pelo Dr. Carlos Felipe Pinto e realizada em 2022 no Campus Jorge Amado -UFSB. É bolsista do Auxilio Idiomas -UFSB, desde 2023, onde realiza o curso de Kimbundu oferecido pela Universidade Federal da Bahia – UFBA. Concluiu o curso Igualdade Racial nas Escolas, em 2023, promovido pelo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MMFDH) em parceria com o Instituto de Educação a Distância da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro Brasileira (UNILAB). Apresentou um dos seus artigos, as influências das línguas Bantu no português de Brasil: origens e trajetórias rumo ao Pretuguês, no II Colóquio de Linguística (II COLIN) – Linguística hoje: potencialidades e interfaces, realizado pelo Centro Acadêmico de Letras Prof. Ruy Póvoas, em parceria com o Programa de Pós-graduação em Letras: Linguagens e Representações (PPGL - UESC), Kàwé - Núcleo de Estudos Afro-Baianos Regionais (NEAB) e o Laboratório de Redação, no ano de 2023. Terminou o curso autoinstrucional Formação em Linguagens e suas Tecnologias, em 2024, promovido pela Secretaria de Educação Básica no Ambiente Virtual de Aprendizagem do Ministério da Educação - AVAMEC. Foi um dos realizadores da pesquisa Pretoguês em comunidades quilombolas da Chapada Diamantina – UFBA em 2023. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Língua Portuguesa!

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Publicado

2024-12-18

Como Citar

A oralidade como forma de existir a África: Um caso de preservar o passado, o presente e o futuro das comunidades africanas. (2024). Revista Comunicação, Cultura E Sociedade, 10(1). https://doi.org/10.30681/rccs.v10i1.12693

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