A oralidade como forma de existir a África
Um caso de preservar o passado, o presente e o futuro das comunidades africanas
DOI:
https://doi.org/10.30681/rccs.v10i1.12693Palavras-chave:
Oralidade; Língua; Cultura; África e TradiçãoResumo
O presente artigo aborda a importância da tradição oral na cultura africana, destacando-a como um elemento milenar e fundamental para a preservação dos valores e identidade dos diversos grupos culturais do continente. A oralidade é vista não apenas como um meio de comunicação, mas como uma forma poderosa de transmitir sabedoria ancestral e resistência cultural, especialmente após a era colonial. A partir disso também se procura discutir como a tradição oral foi desvalorizada pelas ideologias coloniais e sublinhada por um olhar eurocêntrico, mas ressaltando a sua continuidade e relevância na atualidade. A tradição oral africana é apresentada como uma ferramenta essencial para a reconstrução da história e cultura pré-colonial, perpetuando conhecimentos, valores e práticas sociais. Além disso, a língua e a oralidade são descritas como elementos cruciais para a preservação cultural, proporcionando um senso de identidade e pertencimento. Conclui-se enfatizando a resistência e empoderamento proporcionados pela oralidade, que continua a ser um método de proteção da identidade africana e uma forma de contrapor os valores da cultura ocidental.
Downloads
Referências
AGUESSY, Honorat. 1977. “Visões e percepções tradicionais”. In: B. Ola; A. Honorat; D. Pathé; & S. Alpha (ed.), Introdução à Cultura Africana. Lisboa: Edições 70
ALBERTI, V. História oral: a experiência do CPDOC. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1990.
BELCHER, Stephen.“Oral Traditions as Sources”. In: SPEAR, Thomas. (ed.), Oxford Research Encyclopedia of African History. Oxford University Press, 2019.
BINJA, Elias Justino Bartolomeu. Tradição oral em África: valores, movimento e resistência. Anais do III Seminário Nacional de Sociologia: Distopias dos extremos: sociologias necessárias, 2020.
BINJA, Elias Justino Bartolomeu. Tradição Oral em África: Valores, Movimento e Resistência. III Seminário Nacional de Sociologia - Distopias dos Extremos: Sociologias Necessária, Centro Universitário da Américas/Faculdade de Mauá, Mauá, SP, 2020
COOPER, Frederick. Colonialism in question: theory, knowledge, history. Berkeley: University of California Press, 2005.
CORREIA, Nélsio Gomes. A relevância da tradição oral nas sociedades africanas contemporâneas. Njinga & Sepé: Revista Internacional de Culturas, Línguas Africanas e Brasileiras São Francisco do Conde (BA) | vol.2, nº 2, p.304-321 , 2022.
CUCHE, Denys. A noção de cultura nas Ciências Sociais. Bauru: Edusc,1999
DAVID, Makosa Tomás, As línguas angolanas: resistência e a cosmovisão do poder angolano no mundo , Mandinga - Revista de Estudos Linguísticos (ISSN: 2526-3455): v. 7 n. 2 (2023): Mandinga
DIAGNE, Pathé. 1999. “Histoire et linguistique”. In: J. Ki-Zerbo (ed.), Histoire générale de l’Afrique I: Méthodologie et préhistoire africaine. Paris: Editions UNESCO.
FANON, F. Pele Negra Mascara Branca. Salvador: Edufba, 2008.
FILHO, Eudaldo Francisco dos Santos; ALVES,Janaína Bastos. A Tradição oral para povos Africanos e Afrobrasileiros: Relevância da palavra. Revista da ABPN • v. 9, Ed. Especial - Caderno Temático: Saberes Tradicionais, p.50-76, 2017.
FONSECA, Selva Guimarães. História local e fontes orais: uma reflexão saberes e práticas de ensino de História. Revista de história oral, volume 09 pg.125 a 141, janeiro-junho de 2016.
GNANGUENON, Cossi. 2014. Analyse syntaxique et sémantique de la langue “fon” au Bénin en Afrique de l’Ouest, pour la création d’un dictionnaire bilingue en langues fon et français: Approche onomastique: dérivation affixale de la nomenclature des rois du Danxome. Dictionnaire. Tese de Doutorado. Universidade de Cergy-Pontoise.
GONÇALVES, N. M. Oralidade: um olhar sobre a cultura oral africana. São Paulo, fevereiro de 2012.
HAMPATÉ BÂ, Amadou. A tradição viva. In: KI-ZERBO. História Geral da África. v. I - Metodologia e Pré-história, 1982.
HAMPATÉ BÂ, Amadou. Amkoullel, O menino fula. 2ª. São Paulo: Palas Athenas, 2008.
HAMPÂTÉ BÂ, Amadou. Amkoullel, o menino fula. São Paulo: Casa das Áfricas/Palas Athena, 2013.
IROKO, Félix. 1991. “Prendre en compte les expériences traditionnelles africaines”. In: BACHIR, S. Bachir (ed.), La culture du développement. Dakar: CODESRIA.
KI-ZERBO, Joseph. História da África negra – I; 3ª Ed. São Paulo: Publicação Europa-América, 1999.
MAKONI. S.; PENNYCOOK, A. disinventing and reconstituting languages. in makoni. s.; pennycook, a. (eds.) disinventing and reconstituting languages. Clevedon, Multilingual matters, 2007.
MANFREDINI, Giulia Aniceski; APOLINÁRIO, E. B. R; MARTINS, M. A. F; GRALAK, M. M; VILODRES, R. N. DIOP, Babacar Mbaye; DIENG, Doudou (Org.). A Consciência Histórica Africana. Luanda: Edições Mulemba da Faculdade de Ciências sociais da Universidade Agostinho Neto, 2014. Revista Cadernos de Clio, Curitiba, v. 8, no 1, 2018.
MBEMBE, Achille. As Formas Africanas de Auto-inscrição. Estudos Afro-Asiáticos. Ano 23, n. 1, p. 172-209. 2001.
MILLER, Joseph C., “Presidential Address: History and Africa/Africa and History”. The American Historical Review, 104 (1), , pp. 1-32, February 1999.
MUDIMBE, Valentin-Yves. A invenção da África: gnose, filosofia e a ordem do conhecimento. Edições Pedago Ltda, , p. 9-251, 2013.
NASCIMENTO, Gabriel. A linguagem como zona do não-ser na vida de pessoas negras no sul global. Gragoatá, Niterói, v. 28, n. 60, e-53299, jan.-abr. 2023
OBENGA, T. Fontes e técnicas específicas da História da África. In: KI-ZERBO, J. (Coord.). História geral da África. 2. ed. Brasília, DF: Unesco, 2010. v. 1. p. 59-76.
OBENGA, Théophile. 1999. “Source et technique spécifiques de l’histoire africiane. Aperçu Général”. In: J. Ki-Zerbo (ed.), Histoire générale de l’Afrique I: Méthodologie et préhistoire africaine.
OJO-ADE, Femi. “Cultura africana: do velho e do ano, os anos 90”. Salvador, Afro-Asia, numero 16, 1995.
PADILHA, Laura C. Entre voz e letra. O lugar da ancestralidade na ficção angolana do século XX. Rio de Janeiro, Pallas, 2008.
PRAH, Kwesi. Kwaa. 2017. “The intellectualisation of african languages for higher education”. Alternation, 24(2): 215-225.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. Colonialidade do poder, eurocentrismo e América Latina. CLACSO, Consejo Latinoamericano de Ciencias Sociales. 2005.
QUIJILA, A. C. JACOBE, M. Alembamento e o Lobolo: Ritos de Casamento Mbundu (Angola) e Ndau (Moçambique): Convergências e a Resistência Face à Mercantilização Capitalista e Religiosa Europeia. Dossiê Histórias Africanas, pensamentos/ou culturas Afrobrasileiras e Ética Ubuntu. 2024
SANTOS, Nicolas de Oliveira. Nexo de internacionalização e racismo: globali- zação, política linguística e linguagem. – Ilhéus, BA: UESC, 2022.
SILVA, Juliana Pereira de Sousa. Tadição oral africana. Brasilidade Negra, 2021.
SOGBOSSI, Hyppolyte Brice.. La tradición ewé-fon en Cuba. Ciudad de La Habana: Fundación Fernando Ortiz. 1998.
THOMPSON, Paul. A voz do passado. São Paulo,Paz e Terra, 1992.
VANSINA, Jan. Oral Tradition as History. Madison: James Currey Ltd., 1985.
ZOSSOU. Alban Aminou. O conceito africano de língua: representação, manifestação e importância social. Entendimento no grupo etnolinguístico Fon. R@U, 13 (2), jul./dez. 2021: 48-61
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 Revista Comunicação, Cultura e Sociedade
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.