Relação dos biomas nos acidentes peçonhentos no Brasil/ Relationship of biomes in venomous accidents in Brazil/ Relación de biomas en accidentes venenosos en Brasil

Autores

Palavras-chave:

Animais Venenosos, Ecossistema, Análise Espacial

Resumo

Objetivo: descrever o perfil dos casos de acidentes por animais peçonhentos no Brasil, de 2010 a 2019, para verificar a relação dos biomas brasileiros sobre o número de notificações. Método: estudo exploratório, a partir de dados secundários do Departamento de Informática e Informação do Sistema Único de Saúde quanto ao número de casos absolutos de acidentes por Estados e Distrito Federal, distribuídos em mapa coroplético. Pela correlação linear de Pearson estimou a relação entre número de casos e desmatamento. Resultados: os principais acidentes notificados envolveram escorpiões (52,14 %), principalmente no cerrado e na caatinga, seguido por aranhas (16,23%) majoritariamente no pampa, e serpentes (15,45%) na amazônia. Esses últimos com letalidade superior a 1%. Os Estados que apresentaram o maior número de casos novos foram Minas Gerais (49.716), São Paulo (41.428), Bahia (24.617) e Pernambuco (21.144). As variáveis de desmatamento foram inversamente proporcionais ao número de casos, principalmente nos Estados com maior notificação. Conclusão: o grande registro de acidentes por escorpiões e a alta letalidade associada aos acidentes por serpente nos biomas brasileiros representam potencial problema de saúde pública. No entanto, não há indícios de correlação positiva entre desmatamento e número de notificações dos acidentes.

Biografia do Autor

Francisco Cezar Aquino de Moraes, Universidade Federal do Pará

Acadêmico de Medicina. Universidade Federal do Pará, Belém, Pará, Brasil.

Alison Ramos da Silva, Universidade Federal do Pará

Biólogo. Mestre em Biologia Parasitária na Amazônia. Laboratório de Clínica e Epidemiologia de Doenças Endêmicas do Núcleo de Medicina Tropical/Instituto de Ciências Biológicas/Universidade Federal do Pará. Belém, Pará, Brasil.

Emanuele Rocha da Silva, Universidade Federal do Pará

Acadêmica de Medicina. Universidade Federal do Pará, Belém, PA, Brasil.

Johne de Souza Coelho, Universidade Federal do Pará

Médico. Mestre em Doenças Tropicais. Especialista em Toxicologia. Laboratório de Entomologia Médica e Animais Peçonhentos do Núcleo de Medicina Tropical, Universidade
Federal do Pará. Belém, Pará, Brasil.

Pedro Pereira de Oliveira Pardal, Universidade Federal do Pará

Médico. Doutor em Medicina Tropical. Coordenador do  Laboratório de Entomologia Médica e Animais Peçonhentos do Núcleo de Medicina Tropical, Universidade Federal do Pará. Belém, Pará, Brasil. 

Referências

Ministério do Meio Ambiente (BR). Secretaria de Biodiversidade e Florestas. Fragmentações de Ecossistemas: Causas, Efeitos sobre a Biodiversidade e Recomendações de Políticas Públicas. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; 2003.

Barraviera B. O ensino dos acidentes por animais peçonhentos nas escolas médicas brasileiras. Rev Soc Bras Med Trop. 1992; 25(3):203-204.

Brasil. Manual de Primeiros Socorros. Fundação Oswaldo Cruz. Núcleo de Biossegurança. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 2003.

Machado C. Um panorama dos acidentes por animais peçonhentos no Brasil. J Health NPEPS. 2016; 1(1):1–3.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Biomas. 2019. Disponível em: https://www.ibge.gov.br/geociencias/informacoes-ambientais/15842-biomas.html?=&t=downloads.

Ministério da Saúde (BR). Manual de Diagnóstico e Tratamento de Acidentes por Animais Peçonhentos. Acessoria de Comunicação e Educação em Saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2001.

Ministério da Saúde (BR). DATASUS Informações de Saúde, Epidemiológicas e Morbidade: banco de dados. Brasília: Ministério da Saúde; 2020 [acesso em 2020 Dez 22]. Disponível em: http://tabnet.datasus.gov.br/cgi/deftohtm.exe?sinannet/cnv/animaispa.def.

Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Resolução nº 580, de 22 de março de 2018. Regulamenta o disposto no item XIII.4 da Resolução CNS nº 466, de 12 de dezembro de 2012, que estabelece que as especificidades éticas das pesquisas de interesse estratégico para o Sistema Único de Saúde (SUS) serão contempladas em Resolução específica, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, 16 jul. 2018. Seção 1, p.55.

Ministério do Meio Ambiente (BR). Secretaria Nacional de Biodiversidade e Florestas. Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira, Atualização: Portaria MMA nº 9, de 23 de janeiro de 2007. Brasília: Ministério do Meio Ambiente; 2007.

Matos RR, Ignotti E. Incidência de acidentes ofídicos por gêneros de serpentes nos biomas brasileiros. Ciênc saúde coletiva. 2020; 25(7):2837-2846.

Castro E. Dinâmica socioeconômica e desmatamento na Amazônia. Novos Cad NAEA. 2005; 8(2):5–39.

Silva AM, Sachett J, Monteiro WM, Bernarde PS. Extractivism of palm tree fruits: A risky activity because of snakebites in the state of Acre, Western Brazilian Amazon. Rev Soc Bras Med Trop. 2019; 52:1–4.

Pardal PPO, Pinheiro ACJS, Silva CTC, Santos PRSG, Gadelha MAC. Hemorrhagic stroke in children caused by Bothrops marajoensis envenoming: A case report. J Venom Anim Toxins Incl Trop Dis. 2015; 21:53.

Nogueira CC, Alencar JPSV, Argolo AJS, Arredondo JC, Arzamendia V, Azevedo JA, et al. Atlas of Brazilian Snakes: verified point locality maps for mitigating the Wallacean shortfall in a megadiverse snake fauna. South Am J Herpetol. 2019; 14(1):1–274.

Melgarejo AR. Serpentes Peçonhentas do Brasil. In: Cardoso JLC, França OSF, Wen FH, Málaque CMS, Haddad Júnior V. Animais peçonhentos no Brasil: Biologia, clínica e terapêutica dos acidentes. São Paulo: Sarvier; 2009.

Costa MKB, Fonseca CS, Navoni JA, Freire EMX. Snakebite accidents in Rio Grande do Norte state, Brazil: Epidemiology, health management and influence of the environmental scenario. Trop Med Int Heal. 2019; 24(4):432–441.

Oliveira RC, Wen FH, Sifuentes DN. Epidemiologia dos acidentes por animais peçonhentos. In: Cardoso JL, Haddad-Jr V, França FOS, Wen FH, Malaque CMS. Animais peçonhentos do Brasil: biologia, clínica e terapêutica. São Paulo: Sarvier; 2009.

Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Vigilância em Saúde. Acidentes de trabalho por animais peçonhentos entre trabalhadores do campo, floresta e águas, Brasil 2007 a 2017. Brasília: Ministério da Saúde; 2019.

Gonçalves JE, Medeiros SMFRS, Cavalcanti IDL, Mendes RCMG, Bezerra INM, Nóbrega MM, et al. Accidents caused by venomous animals: an analysis of the epidemiological profile in the Northeast region of Brazil in the period from 2010 to 2019. RSD. 2020; 9(10):e4679108843.

Silva PLN, Costa AA, Damasceno RF, Oliveira Neta AI, Ferreira IR, Fonseca AD. Perfil epidemiológico dos acidentes por animais peçonhentos notificados no Estado de Minas Gerais durante o período de 2010-2015. Rev Sustinere. 2017; 5(2):199-217.

Lourenço WR, Von Eickstedt VRD. Escorpiões de Importância Médica. In: Cardoso JLC, França FOS, Wen FH, Málaque CMS, Haddad JRV. Animais Peçonhentos no Brasil: Biologia, Clínica e Terapêutica dos Acidentes. São Paulo: Sarvier, 2;09.

Schier DT, Lemos MR, Campos CGC, Cardoso JT. Estudo sobre a influência de variáveis metereológicas nos casos de acidentes por animais peçonhentos em Lages – SC. Hygeia. 2019; 15(31):43 -55.

Chagas F, D’Agostini F, Beltrame V. Aspectos epidemiológicos dos acidentes por aranhas no Estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Evid Biotecnol Aliment. 2010; (1):121–30.

Terças ACP, Vivi VK, Machado C, Lemos ERS. Aspectos epidemiológicos dos acidentes por picada de abelha africana. J Health NPEPS. 2017; 2(Supl.1):58-72.

Silveira JL, Machado C. Epidemiologia dos acidentes por animais peçonhentos nos municípios do sul de Minas Gerais. J Health NPEPS. 2017; 2(Supl.1):88-101.

Global Forest Watch. Banco de Dados [acesso em 2020 Abr 16]. Disponível em: https://www.globalforestwatch.org/dashboards/country/BRA/?category=summary&dashboardPrompts=eyJzaG93UHJvbXB0cyI6dHJ1ZSwicHJvbXB0c1ZpZXdlZCI6WyJkYXNoYm9hcmRBbmFseXNlcyIsImRvd25sb2FkRGFzaGJvYXJkU3RhdHMiLCJzaGFyZVdpZGdldCIsIndpZGdldFNldHRpbmdzIiwidmlld05hdGlvbmFsRGFzaGJvYXJkcyJdLCJzZXR0aW5ncyI6eyJvcGVuIjpmYWxzZSwic3RlcEluZGV4IjowLCJzdGVwc0tleSI6IiJ9fQ%3D%3D&firesAlertsCumulative=eyJpbnRlcmFjdGlvbiI6e319&firesAlertsHistorical=eyJpbnRlcmFjdGlvbiI6e319&firesAlertsStats=eyJpbnRlcmFjdGlvbiI6e319&gladAlerts=eyJsYXRlc3REYXRlIjoiMjAxOS0wOC0xMiIsImludGVyYWN0aW9uIjp7fX0%3D&location=WyJjb3VudHJ5IiwiQlJBIl0%3D&map=eyJjZW50ZXIiOnsibGF0IjotMTIuMjY5NDk0NzkyNTk5NzMyLCJsbmciOi00OS44ODU5MTY3NDcxNTg2N30sInpvb20iOjIuMjcyNTI4ODI1OTI1Mzk0NiwiY2FuQm91bmQiOmZhbHNlLCJkYXRhc2V0cyI6W3siZGF0YXNldCI6IjBiMDIwOGI2LWI0MjQtNGI1Ny05ODRmLWNhZGRmYTI1YmEyMiIsImxheWVycyI6WyJjYzM1NDMyZC0zOGQ3LTRhMDMtODcyZS0zYTcxYTJmNTU1ZmMiLCJiNDUzNTBlMy01YTc2LTQ0Y2QtYjBhOS01MDM4YTBkOGJmYWUiXSwiYm91bmRhcnkiOnRydWUsIm9wYWNpdHkiOjEsInZpc2liaWxpdHkiOnRydWV9LHsiZGF0YXNldCI6ImI1ODQ5NTRjLTBkOGQtNDBjNi04NTljLWYzZmRmM2MyYzVkZiIsImxheWVycyI6WyI0OWE4MGU3MC1lYzUyLTRlZjgtYmNjNi1mYjI3NzFkOTViMmMiXSwib3BhY2l0eSI6MSwidmlzaWJpbGl0eSI6dHJ1ZSwicGFyYW1zIjp7InRocmVzaCI6MzAsInZpc2liaWxpdHkiOnRydWV9fV19&path=eyIwIjoiZGFzaGJvYXJkcyIsIjEiOiJjb3VudHJ5IiwiMiI6IkJSQSJ9&treeLoss=eyJpbnRlcmFjdGlvbiI6e319&treeLossPct=eyJoaWdobGlnaHRlZCI6ZmFsc2UsImludGVyYWN0aW9uIjp7fX0%3D&treeLossTsc=eyJoaWdobGlnaHRlZCI6ZmFsc2V9.

Downloads

Publicado

2021-06-01

Como Citar

Moraes, F. C. A. de, Silva, A. R. da, Silva, E. R. da, Coelho, J. de S., & Pardal, P. P. de O. (2021). Relação dos biomas nos acidentes peçonhentos no Brasil/ Relationship of biomes in venomous accidents in Brazil/ Relación de biomas en accidentes venenosos en Brasil. Journal Health NPEPS, 6(1). Recuperado de https://periodicos.unemat.br/index.php/jhnpeps/article/view/5320

Edição

Seção

Artigo Original/ Original Article/ Artículo Originale

Artigos mais lidos pelo mesmo(s) autor(es)