CONCEIÇÃO EVARISTO E DESOBEDIÊNCIA EPISTÊMICA: CONTRIBUIÇÕES PARA PENSAR A ESCREVIVÊNCIA A PARTIR DA DECOLONIALIDADE

Autores

  • Thaisa Silva Martins Universidade Federal de Juiz de Fora/ Doutoranda

DOI:

https://doi.org/10.30681/rln.v16i44.11105

Resumo

Este artigo objetiva discutir o termo escrevivência, criado por Conceição Evaristo, estabelecendo sua relação com a decolonialidade. Tem o intuito de defender a escrevivência como saber decolonial que, portanto, promove o enfrentamento à violência colonial, historicamente, imposta às pessoas negras. Objetiva compreender a colonialidade como um processo que desumanizou e desumaniza as mulheres negras, e, por conseguinte, os seus saberes, como a própria escrevivência. O artigo pretende realizar a defesa da escrevivência como um enfrentamento a esse processo, já que a colonialidade esteve calcada em referenciar os saberes a partir da hierarquização pela raça, privilegiando a produção advinda dos homens brancos.

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Biografia do Autor

Thaisa Silva Martins, Universidade Federal de Juiz de Fora/ Doutoranda

Assistente Social graduada pela Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM, 2012) em Teófilo Otoni-MG. Doutoranda em Serviço Social pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). Mestre, na mesma área, pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ, 2016). Participou como bolsista de Extensão do Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Envelhecimento (NEPE/ UFVJM) entre os anos de 2010 e 2012. Realizou estágio supervisionado na Clínica de saúde auditiva Audiotoni durante os anos de 2010 e 2011. Atuou como assistente social docente do curso de Serviço Social da UFVJM, entre os anos de 2017 e 2019, ministrando disciplinas voltadas para a Sociologia, o estágio curricular, a ética e o trabalho profissional. Em 2018, fez parte da equipe de docentes que coordenou o Curso de Capacitação para os assistentes sociais do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) de Teófilo Otoni-MG e foi coordenadora local do Núcleo de Assistentes Sociais (NAS) do referido município (2018-2019). Lecionou, em 2019, a disciplina de Sociologia no curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio, construído pelo Movimento Social Levante Popular da Juventude e o Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG- Campus Araçuaí), como parte do Projeto de Extensão Podemos Mais. Atualmente, é mediadora do projeto nacional LEIA MULHERES, clube de Araçuaí-MG, compondo a coordenação do referido clube. No doutorado, pesquisa acerca das relações de gênero, raça e colonialismo, e suas interfaces com a formação profissional em Serviço Social, a partir da contribuição do âmbito literário. Compõe o Grupo de Estudos e Pesquisas em Sexualidade, Gênero, Diversidade e Saúde: Políticas e Direitos (GEDIS) da UFJF. É Pesquisadora do Projeto Intelectuais Negras Brasileiras, vinculado ao Núcleo de Estudos Reflexos de Palmares da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), campus Baixada Santista. É associada à Associação Brasileira de Pesquisadores/as Negros/as. E compõe o Núcleo de Estudos, Pesquisas e Extensão Afro-Brasileiros e Indígenas (NEABI) do IFNMG- campus Araçuaí.

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Publicado

21/08/2023

Como Citar

Martins, T. S. (2023). CONCEIÇÃO EVARISTO E DESOBEDIÊNCIA EPISTÊMICA: CONTRIBUIÇÕES PARA PENSAR A ESCREVIVÊNCIA A PARTIR DA DECOLONIALIDADE. Revista De Letras Norte@mentos, 16(44). https://doi.org/10.30681/rln.v16i44.11105

Edição

Seção

Dossiê Temático 2023/1 "As escrevivências de Conceição Evaristo: as mulheres negras no centro das narrativas"