VIOLÊNCIA, DESCENTRAMENTO E FORMA LITERÁRIA EM VISTA CHINESA, DE TATIANA SALEM LEVY
DOI:
https://doi.org/10.30681/rln.v18i51.13774Palavras-chave:
violência, descentramento, Vista chinesa, Tatiana Salém LevyResumo
Publicado em 2021, o livro Vista Chinesa, de Tatiana Salem Levy, narra a história de Júlia, arquiteta carioca que sai de casa para correr nos arredores do ponto turístico que dá título ao romance, quando é arrastada para dentro da Floresta da Tijuca e estuprada. Em linguagem visceral, Levy aborda o trauma de um corpo violado e como essa experiência reverbera na vida da personagem, principalmente na relação com o seu corpo. Cinco anos após o ocorrido, Júlia escreve uma carta, a fim de expurgar suas memórias traumáticas e registrar todos os detalhes do crime, enquanto imagina os filhos como destinatários. Por meio da vivência do estupro, a protagonista toma consciência de seu papel social e passa a se expressar a partir de um ponto de vista próprio, constituindo um olhar de diferença e de resistência ao patriarcado, favorecendo, assim, a noção de descentramento presente na literatura brasileira contemporânea. O descentramento é aqui compreendido a partir de um conjunto de forças voltadas contra a desigualdade de gênero, a exclusão social, política e econômica. Assim, através de uma narradora descentrada, a obra contraria o campo patriarcal, redefinindo as relações entre espaço público e vida privada, com uma escrita que se coloca contra o silenciamento do estupro. Ademais, a temática do estupro é abordada numa perspectiva inscrita mais diretamente na história, enfocando conflitos e posições femininas presentes no contexto social. Uma análise nesta direção conta com as formulações teóricas de Ginzburg (2012), Resende (2008), Kiffer (2022), entre outros estudiosos.
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