ESTADO E RELIGIÃO COMO DISPOSITIVOS DE VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER NA LITERATURA ARGENTINA CONTEMPORÂNEA
UM ESTUDO DE CATEDRALES, DE CLAUDIA PIÑEIRO
DOI:
https://doi.org/10.30681/rln.v18i51.13777Palavras-chave:
literatura argentina contemporânea, violência contra a mulher;, dispositivo, patriarcadoResumo
A literatura latino-americana contemporânea vem abordando a violência de gênero, em que se sobressai a escrita de mulheres. Desse modo, examina-se, neste artigo, como o Estado e a religião agem como dispositivos de biopoder, na perspectiva foucaultiana, de violência contra a mulher, por meio de Catedrales (2020), da argentina Claudia Piñeiro. Em linhas gerais, o romance, com traços do gênero policial, aborda a história de Ana, uma adolescente de dezessete anos que aparece esquartejada e queimada. O caso é encerrado como crime sexual sem culpados e, a partir desse momento, sua família aos poucos começa a se desintegrar. É por meio de vozes narrativas de sete personagens que o leitor pode desvendar o crime e suas motivações. O extremismo religioso, que atravessa toda a narrativa, é uma marca da violência que reverbera no corpo feminino. Para fins de suporte teórico, além dos conceitos de dispositivo e biopoder, são cotejados com o romance análises da violência contra a mulher levadas a cabo pelas antropólogas Rita Laura Segato e Marcela Lagarde y de Los Ríos, assim como pela filósofa Silvia Federici. Partindo dos pressupostos teóricos utilizados e a correspondente análise do romance, considera-se, à guisa de conclusão, como a estrutura patriarcal – a religião uma ramificação dela - arraigada na sociedade latino-americana é responsável pela violência de gênero em todas as instâncias, não obstante as recentes políticas públicas de combate à violência contra a mulher.
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