DISCURSO LITERÁRIO E VIOLÊNCIA: A VIA CRUCIS DO CORPO FEMININO
DOI:
https://doi.org/10.30681/rln.v16i44.11130Abstract
A proposta busca pensar a narratividade do corpo feminino, para tanto é tomado como corpus o conto Maria presente em Olhos d’água (2018), do literário de Conceição Evaristo, escritora negra que comunga de uma escrevivência. O estudo é norteado pelo questionamento: quais enunciados do discurso literário acionam “gatilhos” que mobilizam as formações discursivas presentes no interdiscurso (memória discursiva) sobre violência de gênero? Esses são analisados através daquilo que a AD chama de intersecção do eixo horizontal com o eixo vertical (COURTINE,1981). Assim, mediante o tensionamento da memória discursiva é buscado pensar os sentidos que atravessam o corpo da mulher negra face aos discursos de violência de gênero. O trabalho classifica-se como um estudo qualitativo, cujos procedimentos são desenvolvidos por meio da pesquisa bibliográfica. A discussão proposta articula os pressupostos da Análise do Discurso, de linha materialista (AD) e os estudos literários.
Downloads
References
ACHARD, Pierre et al. Papel da memória. Tradução e Introdução de José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 1999. p. 59-71.
ALTHUSSER, Louis. Aparelhos ideológicos de Estado. 2. ed. Rio de Janeiro: Edições
Graal, 1985.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo estrutural. São Paulo: Pólen, 2019.
BEAUVOIR, Simone de. O segundo sexo. Tradução de Sérgio Millet. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1991.
BOURDIEU, Pierre. A dominação masculina. Tradução de Maria Helena Kühner. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002.
BRASIL, Lei nº. 11.340, de 7 de agosto de 2006, (Lei Maria da Penha). Disponível em: < https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/496319/000925795.pdf>Acesso em: 17 nov. 2020.
BUTLER, Judith P. Problemas de Gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução de Renato Aguiar, Rio de Janeiro: 2008.
CARNEIRO, Sueli. Enegrecer o Feminismo: a situação da mulher negra na América Latina a partir de uma perspectiva de gênero. São Paulo,1998: p. 3 Disponível em:<https://www.geledes.org.br/enegrecer-o-feminismo-situacao-da-mulher-negra-na-americalatina-partir-de-uma-perspectiva-de-genero> Acesso em: 7 de mar. 2019.
COURTINE, J.J. O Chapéu de Clementis in Indursky - os múltiplos territórios da análise de discurso. Porto Alegre: Ed. Sagra Luzzato. 1999
COLLINS, Patricia Hill. Pensamento Feminista Negro: conhecimento, consciência e a política do empoderamento. Tradução Jamille Pinheiro Dias. 1. ed. São Paulo: Boitempo Editorial, 2019. 495 p.
CUTI. Literatura negro-brasileira. São Paulo: Selo Negro Edições, 2010.
DALCASTAGNÈ, Regina. O lugar da fala. In: DALCASTAGNÈ, Regina. Literatura brasileira contemporânea: um território conquistado. Vinhedo: Horizonte, 2012, p. 17-48.
DAVIS, Angela. Mulheres, raça e classe. 1. ed. Tradução de Candiani, Heci Regina. São Paulo: Boitempo, 2016. 244p
DUARTE, Constância Lima. Gênero e violência na literatura afro-brasileira. In: Falas do outro: Literatura, gênero e etnicidade. Belo Horizonte: Nandyala; NEIA, 2010.
EVARISTO, Conceição. Insubmissas lágrimas de mulheres. 2. ed. Rio de Janeiro: Malê, 2016.
EVARISTO, Conceição. Olhos d’água. Rio de Janeiro: Pallas: Fundação Biblioteca Nacional, 2016.
EVARISTO, Conceição. Histórias de leves enganos e parecenças. Rio de Janeiro: Malê, 2017.
EVARISTO, Conceição. Gênero e etnia: uma escre(vivência) de dupla face. In: MOREIRA, Nadilza M. de Barros; SCHNEIDER, Liane. Mulheres no mundo: etnia, marginalidade, diáspora. João Pessoa: Ideia/Editora Universitária – UFPB, 2009.
EVARISTO, Conceição. Questão de pele para além da pele. In: RUFFATO, LUIZ. Org. Questão de pele. Contos sobre preconceito racial. Língua Geral. Rio de Janeiro. 2009.
FOUCAULT, Michel. A ordem do discurso: aula inaugural no Collège de France, pronunciada em 2 de dezembro de 1970. 4. ed. Tradução de Laura Fraga de Almeida Sampaio. São Paulo: Loyola, 1998.
FREYRE, Gilberto. Casa-grande e Senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 43. ed Rio de Janeiro: Record, 2001. 569 p.
GENETTE, Gérard. Discurso da narrativa. 3. ed. Lisboa: Vega, 1995.
GOLDBERG, A. Feminismo no Brasil contemporâneo: o percurso intelectual de um ideário político. Boletim Infirmativo e bibliográfico de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, n.28,1989.
GREGOLIN, Maria do Rosario Valencise. A análise do discurso: conceitos e aplicações. ALFA: Revista de Linguística, v. 39, 1995 - A análise do discurso Disponível em: <http://hdl.handle.net/11449/107724>acesso em Acesso em: 09 mar.2019..
HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 10. ed. Tradução de Tomaz Tadeu da Silva; Guacira Lopes Louro. Rio de Janeiro: DP&A, 2005.
hooks, bell. Olhares negros e representação. 1.ed. Tradução de Stephanie Borges. São Paulo: Elefante, 2019.
HOLLANDA, Heloísa Buarque de. (org.). Pensamento feminista hoje: perspectivas Decoloniais . Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2020.
INDURSKY, F. A fala dos quartéis e as outras vozes. 2. ed. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2013.
ISER, Wolfgang. O Imaginário e o Fictício. São Paulo: Ed.34, 1999.
MOREIRA, Núbia Regina. A Organização Feministas Negras no Brasil. Vitória da Conquista: UESB, 2011.
MARIANI, Bethania. O PCB e a Imprensa: os comunistas no imaginário dos jornais 1922- 1989, Rio de Janeiro: Revan;Capinas, SP: INICAMP, 1998.
NASCIMENTO, Abdias do. O genocídio do negro brasileiro: processo de um racismo mascarado. São Paulo: Editora Perspectiva, 2016.
ORLANDI, Eni. Análise de discurso: princípios e procedimentos. Campinas: Pontes, 1999
ORLANDI, Eni (org.). Instituição, relatos e lendas: narratividade e individuação dos I59 sujeitos. Pouso Alegre: Univás; Campinas: RG Editores, 2016.
ORLANDI, Eni. Discurso, espaço, memória – caminhos da identidade no Sul de Minas. Campinas, Editora RG, 2011.
ORLANDI, Eni. Eu, tu, ele: discurso e real da história.2. ed. Campinas, SP: Pontes Editores. 2017.
ORLANDI, Eni. Cidades atravessadas: os sentidos públicos no espaço urbano. Campinas: Pontes, 2001.
PECHEUX, Michel. Papel da memória. In: ACHARD, Pierre et al. Papel da Memória. Tradução e Introdução de José Horta Nunes. Campinas: Pontes, 1999. p. 49-57.
PECHEUX, Michel. Semântica e discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Tradução de Eni P. Orlandi et al. Campinas: UNICAMP, 1977.
PÊCHEUX, M. Análise automática do discurso. Tradução de E. P. Orlandi e G. Costa. Campinas: Pontes, 2019.
PETRI, Verli.. Imaginário sobre o gaúcho no discurso literário: da representação do mito em Contos Gauchescos, de João Simões Lopes Neto, à desmitificação em Porteira Fechada, de Ciro Martins. Tese (Doutorado em Letras). Instituto de Letras, Programa de Pós-Graduação em Letras, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, RS: UFRGS, 2004.
QUIJANO, Aníbal. Colonialidad del poder, cultura y conocimiento en América Latina. In: Anuário Mariateguiano. Lima: Amatua, v. 9, n. 9, 1997
Ribeiro, Djamila. Feminismo negro para um novo marco civilizatório. São Paulo. v.13 n.24 p. 99 - 104 2016. Disponível em: < https://sur.conectas.org/wp-content/uploads/2017/02/9-sur-24-pordjamila-ribeiro.pdf > Acesso em: 09 mar.2019.
RIBEIRO, Djamila. O que é lugar de fala? Belo Horizonte: Letramento: Justificando, 2017.
SAFFIOTI, Heleieth, I, B. Gênero, patriarcado, violência. 1. ed. São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2004.
Downloads
Published
Issue
Section
License
Os direitos autorais dos artigos publicados pertencem à Revista de Letras Norte@mentos e seguem o padrão Creative Commons (CC Atribution 4.0), que permite o remixe, a adaptação e criação de obras derivadas do original, mesmo para fins comerciais