A TRADUÇÃO NA ESTÉTICA DOS CANTARES MEXICANOS
DOI :
https://doi.org/10.30681/rln.v18i51.13772Mots-clés :
Cantares mexicanos, gênero, tradução, expansão.Résumé
Este artigo visa destacar o papel da tradução na recriação da estética dos Cantares mexicanos (séc. XVI), manuscrito conservado na Biblioteca Nacional do México. Este cancioneiro em náuatle clássico contém um total de 92 cuicatl (canto ou performance) que colaboraram no processo de catequização por meio da música, da dança e do teatro na Nova Espanha após a Conquista do México em 1521. A tradução das composições para o português do Brasil, dentre as quais exporei nesta ocasião a peça Chichimecayotl ou Performance Chichimeca [f. 69v-f. 71v], revela duas questões interrelacionadas: i) a do gênero textual dos Cantares, somada ao próprio problema de tradução do vocábulo cuicatl, ao demonstrar uma estética textual que ultrapassa as categorias literárias canônicas; ii) a tradução como uma operação linguística privilegiada para lidar com a contração, na forma escrita, de um complexo em que figuravam uma série de aspectos sonoros, gestuais, visuais, entre outros, propondo um texto em outra língua que permite sua transformação (ou expansão) ao âmbito performativo. Em suma, o ato tradutório, enquanto processo e produto, proporciona, nesta contemporaneidade, a releitura de uma obra de quase 500 anos de antiguidade desde uma perspectiva que desloca o texto de sua forma manuscrita ao mesmo tempo em que se apoia nela para fornecer espaços para o sensorial. O debate, por sua vez, contribui para a reflexão das chamadas literaturas pós-autônomas.
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