ESTIGMAS E SILENCIAMENTO NA FRONTEIRA BRASIL E PARAGUAI
UM ESTUDO DE CASO
DOI:
https://doi.org/10.30681/rln.v18i51.13770Palavras-chave:
aluno brasiguaio, preconceito linguístico, escolaResumo
Em regiões de fronteira, nota-se a convivência de uma infinidade de aspectos sociais, políticos, ideológicos, econômicos, culturais e linguísticos, nem sempre em uma relação harmônica. No caso específico da Tríplice Fronteira entre Brasil, Paraguai e Argentina, essa realidade também é evidenciada, sobretudo, com relação à educação, haja vista que se nota a presença de muitos brasiguaios em escolas da cidade de Foz do Iguaçu (PR), os quais tem sofrido com a estigmatização linguística. Diante desse cenário, esta pesquisa buscou responder à seguinte questão: Quais as implicações na vida escolar do aluno brasiguaio que ingressa em uma escola, em um país diferente daquele no qual foi alfabetizado, e é exposto a situações nas quais se exige o domínio de uma língua diferente da que está acostumado? O objetivo central foi compreender como a vida estudantil de um aluno brasiguaio é afetada pelo preconceito linguístico e quais as consequências disso. Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, empregando-se o estudo de caso de tipologia única. Recorremos à entrevista semiestruturada como instrumento de geração de dados, que foi realizada com os sujeitos participantes do estudo – um aluno brasiguaio, a sua mãe, a sua professora e a coordenadora da escola municipal onde estuda. Os resultados revelam que o aluno foi/é silenciado pelo preconceito linguístico no contexto escolar. Evidenciou-se, por parte da escola, carência de formações e orientações específicas sobre as particularidades do contexto escolar fronteiriço e sobre abordagens de ensino diferenciadas e inclusivas que poderiam ser utilizadas.
Downloads
Referências
ALBUQUERQUE, L. Fronteiras em movimento: os brasiguaios na região da Tríplice Fronteira. In: MACAGNO, L; MONTENEGRO, S; BÉLIVEAU, G.V. (Orgs.). A Tríplice Fronteira: espaços nacionais e dinâmicas locais. Curitiba, PR: Ed. UFPR, 2011, p. 233-260.
BAGNO, M. Dramática da Língua Portuguesa: tradição gramatical, mídia exclusão social. São Paulo: Loyola, 2001.
BÉLIVEAU, V. G. Representações da integração e seus obstáculos: a fronteira do ponto de vista da política. In: MACAGNO, L.; MONTENEGRO, S.; BÉLIVEAU, V. (Orgs.). Tríplice Fronteira: espaços e dinâmicas locais. Curitiba: Editora UFPR, 2011, p. 63-99.
BORTONI-RICARDO, S. M. Nós cheguemu na escola, e agora? sociolinguística & educação. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
BORTONI-RICARDO, S. M. Manual de Sociolinguística. 2. ed. São Paulo: Contexto, 2019.
BUSCH, B. Linguistic repertoire and Spracherleben, the lived expe rience of language. Working Papers in Urban Language & Literacies, [s.l.], n. 148, 2015.
CANDAU, V. M. Rumo a uma nova didática. São Paulo: Vozes, 2012.
CAVALCANTI, M. C.; MAHER, T. Diferentes diferenças: interculturalidade na sala de aula. Campinas: UNICAMP/MEC, 2009.
COLOGNESE, S. A. Brasiguaios: uma identidade na fronteira Brasil/Paraguai. Tempo da Ciência, [s.l.], v. 19, n. 38, p. 145-157, 2012.
CYRANKA, L. Sociolinguística aplicada à Educação. In: MOLICA, M.C.; JUNIOR, C.F. (orgs.). Sociolinguística, Sociolinguísticas: uma introdução. São Paulo: Contexto, 2016, p. 167-176.
ERICKSON, F. Métodos cualitativos de investigación sobre la enseñanza. In: WITTROCK, Me. C. (Org.). La investigación de la enseñanza II: métodos cualitativos y de observación. Barcelona: Ediciones Paidós, 1989.
FABRÍCIO, F. B. A “autoridade lusófona” em tempos de globalização: identidade cultural como potencial semiótico. In: MOITA-LOPES, L. P. (Org.). Português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2013, p. 144-168.
FARACO, C. A. Norma culta brasileira: desatando alguns nós. São Paulo: Parábola, 2020.
FIORENTIN, M, I. Imigração “brasiguaia”: cotidiano, sociabilidades e hibridação cultural. Curitiba: Juruá, 2019.
FREITAG, R. M. K.; OUSHIRO, L. Sociolinguística no Brasil: deslocamentos e fronteiras. Domínios de Lingu@agem, Uberlândia, v. 13, n. 4, p. 1234-1329, 2019.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Tradução: Tomaz Tadeu da Silva & Guaciara Lopes Louro. Rio de Janeiro: Lamparina, 2014.
LADSON-BILLINGS, G. The dreamkeepers: Successful teachers for African-American children. San Francisco: Jossey-Bass, 2022.
LAGARES, X. C. Ensino de espanhol no Brasil: uma (complexa) questão de política linguística. In: NICHOLAIDES, C. et al. (Orgs.). Política e Políticas Linguísticas. Campinas, SP: Pontes Editores, 2013, p. 181-198.
MAHER, T. M. A Educação do Entorno para a Interculturalidade e o Plurilinguismo. In: KLEIMAN, A. B.; CAVALCANTI, M. C. (orgs.). Linguística Aplicada: faces e interfaces. Campinas, SP: Mercado de Letras, 2007, p. 255-270.
MEIRINHOS, M.; OSÓRIO, A. The case study as research strategy in education. EduSer: Revista de educação, v. 2, n. 2, p. 49-65, 2010.
MILROY, J. Ideologias linguísticas e as consequências da padronização. In: LAGARES, X. C.; BAGNO, M. (Orgs.). Políticas da norma e conflitos linguísticos. Tradução de Marcos Bagno. São Paulo: Parábola Editorial, 2011, p. 49-87.
MINAYO, M. C. S. Pesquisa Social: Teoria, método e criatividade. 18. ed. Petrópolis: Vozes, 2001.
MOITA LOPES, L. P. Como e por que teorizar o Português: recurso comunicativo em sociedades porosas e em tempos híbridos de globalização cultural. In: MOITA-LOPES, L. P. (org.). Português no século XXI: cenário geopolítico e sociolinguístico. São Paulo: Parábola Editorial, 2013, p. 101-119.
MOSSMANN, G; TRISTONI, R, H. Conflitos Identitários. Revista Ícone, [s.l.], v. 9, n. 1, p. 70-82, 2012.
PIRES-SANTOS, M. E. Fatores de risco para o sucesso escolar de crianças “brasiguaias” nas escolas de Foz do Iguaçu: uma abordagem Sociolinguística. 1999. Dissertação (Mestrado em Linguística) - Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 1999.
PIRES-SANTOS, M. E. Cenário Multilíngue/Multidialetal/Multicultural de Fronteira e o Processo Identitário "Brasiguaio" na Escola e no Entorno Social. 2004. Tese (Doutorado em Linguística) – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2004.
PIRES-SANTOS, M. E. “Portunhol Selvagem”: translinguagens em cenário translíngue/transcultural de fronteira. Gragoatá, Niterói, v. 22, n. 42, p. 523-539, jan.-abr. 2017.
PIRES-SANTOS, M. E.; CAVALCANTI, M. do C. Identidades híbridas, língua(gens) provisórias – alunos “brasiguaios” em foco. Revista Trabalhos em Linguística Aplicada, Campinas, v. 47, n. 2, p. 429-446, 2008.
RAJAGOPALAN, K. Por uma linguística crítica: linguagem, identidade e a questão ética. São Paulo: Parábola, 2016.
SETTON, D. Discursos e construção social do espaço; o caso da Tríplice Fronteira. In: MACAGNO, L.; MONTENEGRO, S.; BÉLIVEAU, G.V. (orgs.). A Tríplice Fronteira: espaços nacionais e dinâmicas locais/. Curitiba, PR: Ed. UFPR, 2011, p. 103- 126.
SOARES, M. Linguagem e escola: uma perspectiva social. 18. ed. São Paulo: Contexto, 2020.
YIN, R. K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2025 Revista de Letras Norte@mentos

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
Os direitos autorais dos artigos publicados pertencem à Revista de Letras Norte@mentos e seguem o padrão Creative Commons (CC Atribution 4.0), que permite o remixe, a adaptação e criação de obras derivadas do original, mesmo para fins comerciais