A CORRUPÇÃO ELEITORAL E O ABUSO DE PODER ECONOMICO PELAS FAKE NEWS: VIOLAÇÃO AO DIREITO HUMANO DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E AO EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Autores

Palavras-chave:

Corrupção, participação política, fake news, liberdade de expessão.

Resumo

O objetivo do presente trabalho é analisar em que medida as fake news (notícias falsas) podem representar uma prática de corrupção em matéria eleitoral, em razão do abuso de poder economico intermediado pelo uso ilicito e abusivo das redes sociais e das plataforams digitais, afetando o direito humano de participação política e a liberdade de expressão. Ambos consituem direitos humanos e consituticionais, previstos nas normativas de direitos humanos e nas constituições modernas e, também, tratam-se de claúsulas pétreas; por outro lado, não se consideram um direito absoluto, podendo ser relativizados a medida em que ocorram violações graves aos direitos humanos e fundamentais (honra, privacidade, intimidade, dentre outros). O trabalho desenvolveu, na primeira parte, alguns aportes teóricos no campo da ciência política, do direito, da história e da sociologia como forma de contribuirem para a análise do fenomeno da corrupção, o qual não possui uma definição teórica e pragmática, em face de suas multiplas relações na esfera juridica, econômica e social. Buscou-se no segundo momento, analisar o direito a liberdade de expressão e seus limites no arcabouço juridico e nas convenções internacionais de direitos humanos, mesmo diante do acesso a internet. Por fim, constatou-se que a utilização das plataformas digitais e o uso das fake news no processo eleitoral, levam ao abuso de poder economico por parte dos partidos políticos e das empresas privadas, violando os direitos humanos a participação política e a liberdad de expressão, bem como outros direitos fundamentais correlatos (transparência, publicidade, informação, etc). Isso implica a readequação, ao menos por parte do estado brasileiro, como forma de evitar a corrupção, em conformidade com as regras previstas na Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, em relação aos processos eleitorais.

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Biografia do Autor

Marcio Bonini Notari, Universidade de Santa Cruz do Sul

Possui graduação em DIREITO pela Universidade Católica de Pelotas (2008). Especialização em Direito do Trabalho pela Anhanguera RS (2010) e Mestrado em Direito pela Universidade de Santa Cruz do Sul (2015). Tem experiência na área de Direito Constitucional, Direito do Trabalho e Processual do Trabalho, Direito do Consumidor, Direitos Humanos, Sociologia e Filosofia do Direito, atuando nos seguintes temas: Direitos humanos e o pensamento de Hannah Arendt, a Filosofia do Direito nas Matrizes Kantiana, Marxista e Arendtiana. Avaliador de Periódicos em Revistas Jurídicas, Políticas Sociais, Meio Ambiente e Relações de Trabalho.Realizou algumas cadeira no Doutorado em Filosofia e participou dos Grupos de Estudos de Hannah Arendt, Habermas e Amartya Sen da UFPEL/RS.

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Publicado

2021-03-30

Como Citar

Notari, M. B. (2021). A CORRUPÇÃO ELEITORAL E O ABUSO DE PODER ECONOMICO PELAS FAKE NEWS: VIOLAÇÃO AO DIREITO HUMANO DE PARTICIPAÇÃO POLÍTICA E AO EXERCÍCIO DA LIBERDADE DE EXPRESSÃO. Revista De Ciência Política, Direito E Politicas Públicas - POLITI(K)CON, 1, 17–37. Recuperado de https://periodicos.unemat.br/index.php/politikcon/article/view/5131