AS MARCAS DO TEMPO NO CORPO FEMININO: UMA LEITURA DO CONTO “A PROCURA DE UMA DIGNIDADE”, DE CLARICE LISPECTOR
DOI:
https://doi.org/10.30681/rln.v17i47.11932Palavras-chave:
Representação feminina, Corpo, Tempo, VelhiceResumo
O conto é caracterizado como uma narrativa que, apesar de sua curta extensão, é rico em reflexões e significados, explorando certeiramente os mais diversos aspectos relacionados à vida/existência humana. Na literatura brasileira, a escritora Clarice Lispector é uma das grandes representantes desse gênero, e entre tantas facetas, é conhecida por explorar temáticas que revelam o íntimo do ser humano, lançando olhares para os mais íntimos lugares de existência. Suas personagens são complexas e, por isso, possuem também uma psicologia densa. Neste trabalho, o objetivo é investigar sobre as marcas do tempo no corpo feminino, representado através da escrita de “A procura de uma dignidade”, conto da autora, presente na obra Onde estivestes de noite. A metodologia utilizada para a construção do trabalho tem abordagem qualitativa e quanto aos procedimentos, é bibliográfica. Consiste em uma análise teórico-critica sobre a narrativa, e para tanto, o suporte teórico é construído através da contribuição de autores como Elódia Xavier (2007), Simone de Beauvoir (1990), Michael Foucault (2004), entre outros. A leitura atenta do conto, por sua vez, evidencia ao leitor as dificuldades existentes na aceitação da velhice do corpo, das marcas impressas pelo tempo na carne da mulher. Essas marcas, ao mesmo tempo, são sinônimo da força que a idade carrega e de que nunca é tarde para buscarmos em nosso interior a verdadeira essência do existir. Viver, assim, é um complexo exercício de conviver com nós mesmos, quando nem sempre somos capazes de nos reconhecer. O corpo, nesse sentido, é a morada que nos prende, mas que simultaneamente nos liberta.
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Referências
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